É certo e consabido que os políticos, de onde quer que sejam oriundos, têm uma relação assazmente dualista com a comunicação social.
Isto é, quando o seu actuar é destacado, ou por um comentador positivamento evidenciado (comentar é diferente de informar…), ele é o melhor do mundo: sério, isento, sincero, fidedigno; se critica ou expõe a negatividade do seu agir, as suas incongruências, mentiras, arteirices, desonestidades, ele é um aldrabão, parcial, falso, mentiroso.
Porém, o alvo ou objecto das informações e das opiniões, raramente se autoanalisa com rigor, veraz introspecção e genuinidade imparcial, pois de si geralmente tem a mais impoluta imagem, uma incomensurável estima, uma indesmentível realidade que alicerça com a bajulação da sua corte, com a subserviência dos seus apóstolos, com o capachismo dos seus discípulos.
E de tanta idolatria, a sua consciência da verdade esvai-se, o seu discernimento anula-se, a percepção de si dilui-se.
	
	
	
	
	
	
Ademais, prescientes das mais refinadas técnicas de argumentação, aprofundada e de acordo com a iliteracia das massas, refinam-se em fanfarronices, dós de peito, berraria, desrespeito, interrupções, falácias e… sabendo que a melhor defesa é o ataque, disparam rajadas de munições para tudo quanto à sua frente mexe, tentam desacreditar os seus interlocutores sobre eles cuspindo anátemas, rodeiam as questões mais incomodativas, esbracejam para os quatro pontos cardiais, falam cada vez mias alto, são grosseiros para intimidar e, cereja no topo do bolo, coroam as suas execráveis e infames narrativas com a teatral saída abrupta dos estúdios, tentando passar a mensagem da sua mácula ofendida, vitimizando-se até à agonia, outrando-se em Calimeros de momento ou coitadinhos de circunstância.
Foi esta a impressão que me ficou dos 58 minutos de entrevista de André Ventura, na CNN, perante um jornalista sério e dois comentadores, um do CDS e outro do PS assertivos e pouco intimidáveis por bufonarias circenses.