Os “salteadores” da estrada

É o que temos e, com os salários decentes que não temos, a cada dia que passa vamos fazendo os nossos sacrifícios, ratando o cotão do esfiapado bolso e usando os maus transportes colectivos que por aí ainda circulam. Até pararem e pararem um país à beira da desgraça dos mais necessitados. Os outros virão a seguir.

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  • 15:54 | Terça-feira, 21 de Junho de 2022
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Distantes vão os tempos em que viajar por serranias, montes, fraguedos, planícies e vales era uma aventura sujeita a todas as possíveis vicissitudes, desde o desferrar do cavalo, à roda partida da diligência, aos bandoleiros do José do Telhado e afins emboscados ao dobrar de um penedal. Uma aventura…

Hoje, quem saqueia as depauperadas carteiras dos utentes das estradas são:

O Estado; as petrolíferas; as transportadoras; as gasolineiras.


Acabo de atestar o meu “papa reformas”, um mini Smart, veículo de vocação urbana, económico, que facilita as deslocações dentro da cidade. Fi-lo num dos postos mais baratos da cidade de Viseu.

Por 24,51 litros paguei um total de 51,20€.

Analisada a factura, assim concluí:

23% de IVA = 9,57€;

8,11€ de ISP;

2,1€ para Energia Fóssil, Energia Renovável, Meta de incorporação de biocombustível e Sobrecusto do biocombustível.

Ou seja, fui saqueado aqui em 19,78€ de impostos.

Sobraram 31,42€ para as petrolíferas, as transportadoras, as gasolineiras.

 

 

Se os impostos, com boa vontade, dos mais caros da Europa neste contexto, podem ser encarados como fonte de redistribuição social, afinal quem paga a Saúde, a Educação, etc., o grosso da maquia cai no bolso dos privados do sector.

Ninguém ignora que os aumentos constantes e mal explicados dos combustíveis, à média de um acréscimo por semana – quando não mais – vão mexer em toda a economia de um país. Sobem os combustíveis, sobe o pão e todos os artigos de primeira necessidade, além dos outros, claro, que podemos comprar ou evitar.

Uma das plurais estratégias políticas de destruição de Putin consiste em negociar com os países produtores de petróleo a diminuição da produção diária. A seguir, funciona o mercado. O produto escasseia, a procura mantém-se, o preço sobe.

A liberalização do mercado dos combustíveis operada por Durão Barroso também não trouxe vantagem alguma para os utentes.

O Estado já titubeou uns magros recuos no ISP logo anulados pela voracidade existente nesse domínio. De tal forma insaciáveis que se afiguram cada vez mais a abutres a enriquecer obscenamente à custa da desgraça e da miséria de um povo.

Há ainda uma entidade reguladora dos combustíveis, uma tal ENSE, entidade para o sector energético que funciona improficuamente como o 3º mistério de Fátima, mas pagando aos “chefes” anchos salários.

É o que temos e, com os salários decentes que não temos, a cada dia que passa vamos fazendo os nossos sacrifícios, ratando o cotão do esfiapado bolso e usando os maus transportes colectivos que por aí ainda circulam. Até pararem e pararem um país à beira da desgraça dos mais necessitados. Os outros virão a seguir.

Ah… o Estado também é sócio da Galp, convém não esquecer… e até é o segundo maior acionista com 7,48% de participação através da Parpública, uma gestora de participação do Estado, com 62.061.975 ações avaliadas em aproximadamente 930 milhões de euros.

A Amorim Energia, com sede nos Países Baixos, detém 33,34%.

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