Um quase postigo

O curioso é que, postigo propriamente dito, raramente se encontra. Mais arremedos, que postigos. Ou não fosse o português mestre na arte do desenrasca.

  • 13:54 | Domingo, 21 de Março de 2021
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Há todo um revivalismo no termo postigo.

Volta a surgir e em força nesta pandemia e seus desconfinamentos.

O termo postigo vem do latim posticum e significava porta traseira.


O postigo passou a ser entendido como uma pequena janela de acesso, mais ou menos estreito e mais ou menos limitado; uma janela resguardada com uma portinhola pequena, pequena abertura destinada ao atendimento público.

Para tal usávamos o termo guiché, para compras de bilhetes de transporte, passes e bilhetes de espetáculos , nas compras presenciais

O termo postigo caiu assim em desuso, até voltar agora a ser reutilizado.

Neste desconfinamento só é permitida a venda ao postigo, por contraposição à venda em espaços abertos , no geral e maioritariamente!

O curioso é que, postigo propriamente dito, raramente se encontra. Mais arremedos, que postigos. Ou não fosse o português mestre na arte do desenrasca.

Assim, e para vender ao postigo, temos armários colocados à porta dos estabelecimentos, pequenas mesas, ou um balcão delimitado por ambos os lados, por proteções acrílicas, muitas vezes, elas também, com pequenas aberturas ou postigos.

Tudo com o seu frasco de gel desinfetante das mãos.

Recordo-me ainda criança de ver antigas tabernas e mercearias, onde se estendia um balcão na horizontal, estando, por detrás dele, o taberneiro e o merceeiro a vender.

Este balcão pela necessidade de satisfazer os pedidos dos compradores, estava cheio de frascos e vasilhas, com os mais variadas produtos , sólidos e líquidos. Com tal espaço ocupado de ambos os lados o balcão ficava limitado a um pequeno espaço, que seria hoje entendido como próprio para a venda ao postigo!

Nas casas velhas, muito velhas, quer nas aldeias, quer nas vilas ou cidades, havia frestas, janelas pequeninas, nos pisos habitados (que se limitavam a um só).

Nesses postigos estavam muitas vezes gatos e / ou pessoas.

De tal modo que era usual a expressão: “Lá está a velha no postigo” Ou “ a bisbilhoteira da vizinha, sempre ao postigo a espreitar! “

Mudam-se os tempos e hoje já não hã postigos, ou são raros, atendendo à verdadeira aceção da palavra.

Temos sim e por força da pandemia, quase postigos inventados, por força das normas proibitivas de outro tipo de vendas e pois para a permitida venda ao postigo.

É assim que fomos colocados novamente perante o termo POSTIGO , o que levou muito boa gente a surpreender-se com a palavra !

 

 

 

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