Tal como o sol, a água quando nasce é para todos! (XLIX)

Por cá, ainda temos a sorte e a felicidade de acesso a água potável sem restrições, apesar do preço. Mas isso não dá direito, a ninguém, de usar a água como instrumento de propaganda política ou como trampolim para o poder.

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  • 12:38 | Quarta-feira, 28 de Maio de 2025
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CAPÍTULO XLIX

 

Aqui chegados, contas feitas e analisados os resultados, qual será a eficácia desta negociação? A pressão sobre o valor dos serviços de água, saneamento e RSU torna-se incomportável para muitas famílias, não apenas pelo preço da água, mas também pelo absurdo custo da utilização da rede de esgotos, a acrescentar às dificuldades que se têm acumulado ao longo dos últimos anos.


Nos concelhos rurais, tais cinco abastecidos pela Águas do Planalto, são muitos mais os utilizadores dos esgotos e da recolha de lixo de que os consumidores de água. Milhares de habitações usam água das suas explorações, apesar de estarem ligadas à rede, porque lhes permite aceder ao saneamento sem terem de suportar os elevados preços.

Esses, por maior volume de efluentes que injetem na rede de esgotos, pagarão sempre a taxa mínima, os tais 4,75 euros por mês, porque não há contadores de caudal sanitário.

Muitos mais são outros, que produzem toda a variedade de resíduos sólidos, tanto os que consomem água própria e pagam a taxa mínima de RSU, como aqueles que, por isolamento e sem acesso à água, não pagam qualquer taxa de RSU, apesar de beneficiarem da recolha de resíduos sólidos.

Lá se vai a tal teoria do “utilizador-pagador” – em vez disso, são “uns a pagar por todos”! Solidários sim, mas com limites, porque estas incumbências não podem ser diferidas para quem cumpre, mas para os responsáveis – as câmaras municipais e a AINTAR.  Tão simples quanto isso, não são os outros (nós, consumidores) que têm de pagar pelos que não têm acesso à rede de água, apenas pela falta de investimento municipal.

Quanto à água, se esta é a melhor solução, o tempo o dirá. Recordo que no final de 2028 terminaria o prazo do alargamento da concessão: fosse o que viesse a seguir, seria sempre melhor que o que temos.

Já não está longe o final deste rol de episódios, mas que fique claro – com humor ou sem humor, nenhum facto foi inventado, provavelmente, algumas histórias ficam por contar. São factos, alguns ainda em andamento, como é o caso das senhas de presença e de outras malandrices investigadas pelo Ministério Público. Seja qual for o epílogo, muita coisa já mudou e talvez  mais haja a mudar.

Esta história da água, goste-se ou não, também é pedagogia.  Uns, que já tinham ouvido falar, ficaram a saber mais, outros, que nada sabiam, terão aprendido alguma coisa … enquanto aqueles que de nada querem saber, que passem muito bem e sejam felizes conforme os seus desejos, mas não se deixem dormir.

Partilhar esta história também foi para prevenir ou desnudar quaisquer intenções dos que gostam de pôr a carroça à frente dos bois. Se há sempre alguém que o faz, haverá sempre alguém que diz não!

Em todo o Mundo, a escassez da água provoca discórdia, guerra … e negócios. Tudo pelo dinheiro … Mas, em excesso, a água também provoca tragédia e morte!

Por cá, ainda temos a sorte e a felicidade de acesso a água potável sem restrições, apesar do preço. Mas isso não dá direito, a ninguém, de usar a água como instrumento de propaganda política ou como trampolim para o poder.

É isso que todos temos o dever de evitar.

 

(CONTINUA)

 

 

 

 

 

 

 

 

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