CAPÍTULO L
Calar e consentir não são léxicos do meu livro da vida. Falo e faço-o com a legitimidade que avisei no início, sem esquecer todos os que se envolveram na mesma luta que nunca foi, nem é, contra ninguém, mas pela obrigação de ajudar a matar a sede a quem precisa. Faz parte da Democracia, ajuda na Justiça e é outra forma de usar a Liberdade.
Se alguém se sentiu, ou sentir, atropelado, que não ousasse presunção de intocabilidade. Em Democracia, ninguém tem. Somos todos.
Por mais disfarçada e subtil, quem se colocar em bicos de pés, tem de ter a certeza que não calçou os sapatos da mãe, as botas do pai, os chinelos da avó ou as sandálias da vizinha. De profecias, de maquilhagens e de fotografias está o povo farto! … Basta estar atento ao que se passa no Mundo: os ditados perderam o sentido, as palavras não se fazem ouvir e os silêncios estão a desabrochar. Estamos a colher o que semeámos!
Não acreditar em tudo que ouvimos, nem naqueles que falam em nome do povo, só porque fez as escolhas mais convenientes. O povo é tão sábio, como quanto se engana, é com a História que temos a aprender.
Cada um que fale por si, porque os que falam em nome do povo, são os mesmos que condenam o povo ao ostracismo. Estamos a colher silêncios, cujo poder é maior de que muitas revoluções.
Não se julgue que a competência se mede em palmos, em sorrisos ou em heresias, mede-se em silêncio, pelo desempenho, pela simplicidade e pela dedicação.
Esta reflexão não se servirá para preparar qualquer campeonato de razões, nem é a bomba atómica de uma guerra da qual ninguém sairia vitorioso, é um desafio para que percebamos os momentos que o Mundo está a viver.
Já viram até onde nos pode levar o poder da água?
Então, vamos pedir ao piloto que desça abaixo do teto das nuvens para podermos ver o que se passa lá em baixo, no nosso território.
Cá estamos, a viagem terminada e com a tranquilidade suficiente para dizer tudo o que deve ser dito.
Certamente, repararam na “estampa” que ilustra este capítulo. Uma coisa muito simples: duas entidades e três nomes de pessoas que se constituíram numa Comissão de Acompanhamento, duas delas assinaram, com justificada escusa da terceira, por ter estado envolvido como consultor no processo de negociação, em representação da concedente, a AMRPB.
Tudo muito simples, não fosse este um complicado trabalho que sobrou para Comissão de Acompanhamento, que fez muitas contas, muitas análises e muitas consultas a toda a documentação que, juntamente com o parecer, foi enviada para a ERSAR, à qual, em último recurso, cabe o assentimento a todo o processo de negociação da 2.ª adenda ao contrato inicial.
Porquê este pormenor? Lembrem-se da subtileza e da certeza – nem todos são capazes de dedicar a devida atenção ao que trazem calçado.
Por isso …
(CONTINUA)