Os candidatos

Marques Mendes zurze demasiado no seu partido, que não lhe perdoa, e não tem altura física. Ninguém está a ver, nas cerimónias públicas, o oficial às ordens com um banquinho às costas, para que S. Ex. se possa chegar ao palanque.

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  • 16:45 | Terça-feira, 21 de Junho de 2022
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Ainda faltam quase 4 anos, e até lá tudo pode acontecer. Apesar de só terem lugar em Janeiro de 2026, a comunicação social, nos intervalos da crise aguda no sector da saúde, agita-se com as eleições presidenciais, especulando sobre putativos candidatos, à esquerda e à direita.

Passos Coelho, que está a fazer o seu percurso de silêncio, esperançando que o tempo apague as más memórias e alguns idosos, esbulhados nas suas parcas reformas e pensões, faleçam, não me parece que saia da linha de partida, muito embora tivesse o apoio do seu partido.

Paulo Portas não unifica a direita, não capta todo PSD e não se chega ao centro. E cultiva uma certa superioridade intelectual, que não colhe.


Durão Barroso traz agarrado à pele o estigma de ter virado costas ao país, seduzido por um cargo europeu, de que saiu algo chamuscado e com alguns rabos de palha.

Marques Mendes zurze demasiado no seu partido, que não lhe perdoa, e não tem altura física. Ninguém está a ver, nas cerimónias públicas, o oficial às ordens com um banquinho às costas, para que S. Ex. se possa chegar ao palanque.

António Costa não tem perfil para o cargo, é demasiado, seco, ardiloso, atritivo. Tem soberba que baste.

Santos Silva talvez seja o mais bem posicionado, tem carreira académica e política, é moderado e de bom trato. E seria o culminar de uma carreira de serviço público brilhante.

E, por fim, Gouveia e Melo. Francamente, não consigo entender a razão pela qual se coloca o Chefe do Estado-Maior da Armada no quadro de hipotéticos candidatos. Por ter gerido bem o processo vacinal? Por ter mostrado determinação no processo, fazendo-o chegar a bom porto? Foi bom, mas é curto, não chega. Para mim, a razão é só uma.

Os portugueses não se libertam do mito messiânico do sebastianismo, do salvador da pátria, do cultivador da alma quinhentista, do coveiro das dores da corrupção, do regenerador das virtudes nacionais, do restaurador do orgulho patriótico. E gostam de fardas.

Esta dependência, que não há meio de exorcizarmos, é que nos tolhe e confunde. E nos faz temerosos e mais pequenos.

 

(Foto DR)

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Publicado em Opinião