Há um género de pessoas que acompanham os políticos, seja qual for o seu quadrante partidário.
Estão sólidos no espaço que, com truques e batota, ajudaram a construir. Quase sempre padecem de uma chocante iliteracia política, mas à custa de oportunismo e de vacuidade crescem como erva em lameiro.
Medram mais, junto dos vencedores e dos que têm benefícios em carteira para distribuir. Reproduzem-se em abundância, sob os generosos chapéus do poder. Cogumelos, esse produto endógeno que, de má colheita, pode envenenar e ser fatal. Com desfaçatez, aplaudem um discurso laudatório e o seu contrário. Preferem estar junto de quem tem lugares e acoitos para repartir, os cordelinhos que dão um bom emprego, uma boa colocação, um lugarzinho bem arrumado, que dê para pagar os créditos e as contas pessoais.
São os acólitos dos senhores, os juízes das irmandades, os sacristães dos directórios. Os madraços, que fogem da vida activa. Sobrevivem, sem adversativas, bajulando, babando elogios, num deleite desenvergonhado e escorregadio. São os empreiteiros dos pequenos poderes, da cunha, dos favores, das promessas fáceis, do submundo dos partidos.
Normalmente, é gente pouco recomendável, egoísta, manhosa, que faz carreira sem currículo, de ânsias pelas migalhas do orçamento, que é de todos nós, pelas sobras das negociatas.
São tantos, que fazem uma floresta de espinhos eriçados, uma calçada à portuguesa de pedras soltas e pontiagudas, uma lagoa de águas paradas.
Cada um é uma mágoa triste, um desgosto profundo, um trauma infinito. Não têm vida própria, o presente e o futuro dependem das sortes e das cartas. São resistentes, é o interesse que orienta os seus passos e escolhas, a tudo se submetendo, na expectativa de um jeito.
A maior parte é um activo tóxico, carrega máculas e pecados, maus caminhos e carregos perversos. Contaminam e sujam. Incomodam, afastam. Estragam os odores. Ao postigo, esquadrinham passos, cifram companhias, catalogam amizades. Dão nas vistas, são incontidos, exibem-se, alardeiam qualidades que não têm, e só eles vêem.
Ao silvo do apito, marcham, mesmo com o passo trocado, pouco dados a regras urbanas e a disciplina saudável. Só um laxante os trava na exuberância datada, que os levará à agonia. Nunca perdem. Sem qualquer resquício, nem bagatela, de problemas de consciência, com jogo de cintura, óleo nos pés e azeite nas mãos, untuarão amanhã os vencidos de ontem.
Vedetas da transumância partidária. Um pé no estribo, outro na carruagem. São os adesivos, essa categoria desinteressante e pecadora de ajudantes dos políticos, enfadonhamente vaidosa, pau para toda a obra, carregadores dos baús dos segredos e das memórias, combustível de zaragatas e ofensas, gatilho de pelejas, desinteligências e desordens, que só atrapalham e estragam.
Engrossaram na última rodada, com os novos crupiês, aos comandos do póquer ou do bacará. Há muitos.
Tantos…
Rebelo Marinho