É o que parece. No seu agir arteiro e astuto como a raposeta “Pintalegreta, senhora de muita treta”, o presidente da autarquia olissiponense não quis discutir em reunião o caso do acidente do elevador da Glória antes das eleições, marcando para o “day after” a sua inconclusiva discussão, pois na sua ligeireza não se alcançou nenhum apuramento de concreto.
Moedas bem sabia que o relatório seria desastroso, uma autêntica calamidade para a empresa externa que fazia (?) a manutenção daquela infraestrutura, para a Carris que a contratara, para o presidente da Carris que a tudo assiste impávido e sereno e para o presidente da câmara, em primeira e derradeira instância, o responsável máximo que tutela esses serviços.
Por isso, com muito jogo de cintura, ziguezagues constantes e recusa em assumir as responsabilidades, granjeou os 41,69% de votos que lhe deram a vitória. E claro está, não esqueçamos, com a recusa do PCP-PEV (10,09% dos votos) em integrar a coligação de esquerda encabeçada pelo PS, com Alexandra Leitão (33,95% dos votos).
Agora, perante a evidência inquestionável e incontornável das deficiências várias, reiteradas e adulteradas dos serviços de manutenção, veio em feérica correria para as televisões dizer que não há consequências políticas a tirar, apenas consequências técnicas, não tendo a coragem de assumir com carácter e verticalidade as causas que deram como efeito uma inenarrável tragédia com 17 mortos e vários feridos graves.
Será essa a sua forma de estar na política desde que foi secretário de Estado do XIX Governo de Passos Coelho. E, pelos vistos, com ela se tem dado bem, face ao percurso trilhado. Há, pois, que continuar nessa “light” velocidade de cruzeiro…
Claro está, tudo factos concretos aos quais as companhias seguradoras se agarrarão para não pagar as indemnizações de milhões de euros às famílias das vítimas, ressarcimentos esses que agora serão da incumbência do município, que o mesmo é dizer, dos contribuintes.
Entretanto, impávidos e serenos, os portugueses vão-se habituando a tudo isto, começando a achar normais as maiores anormalidades e correctos os comportamentos sustentados na mentira, na arteirice, na indiligência, na incompetência e na aldrabice.
(Fotos CNN)