O início de uma nova época desportiva traz sempre uma questão para muitos pais: “Em que clube vou inscrever o meu filho?” Para quem vai iniciar a prática federada, esta decisão pode parecer simples, mas tem muito mais impacto do que à primeira vista se imagina.
Muitos pais não estão preparados para serem pais de atletas. A vida familiar muda inevitavelmente: horários adaptados, fins de semana ocupados e novas rotinas em torno do desporto. Tal como acontece na escola, é fundamental compreender a importância do desporto na formação global da criança e procurar conhecer minimamente a modalidade escolhida.
É natural que os pais queiram o melhor para os filhos. Para isso, devem procurar perceber quem são os treinadores, que estrutura existe e qual é a filosofia do clube. A confiança é o ponto de partida. Importa também lembrar que o desporto não pode ser reduzido a resultados ou troféus. A pressão exagerada transforma vitórias e derrotas em rótulos que não pertencem às crianças. Elas não são medalhas ambulantes – são pessoas em crescimento que querem ser felizes.
Hoje, felizmente, há qualidade em muitos clubes, não apenas nos grandes centros. O sonho de “fazer um craque” não deve cegar o essencial: por cada atleta que chega ao topo, muitos outros ficam pelo caminho, muitas vezes com a motivação destruída. Por isso, refletir é fundamental.
Treinadores e dirigentes têm igualmente a responsabilidade de não esquecer que o desporto de formação não é uma versão reduzida do profissional. Os valores, as atitudes e o fair-play devem estar no centro do processo. Ganhar ou perder faz parte, mas a diversão e a aprendizagem são o que realmente conta.
Acompanhar, apoiar e aplaudir os mais novos é, ainda, a melhor forma de contribuirmos para que cresçam saudáveis, responsáveis e felizes. Esse é o verdadeiro troféu que todos devemos ambicionar.
Desejo uma excelente época desportiva a todos.
Vítor Santos
Embaixador do Plano Nacional de Ética no Desporto