Indo eu…

Apanhar petinga e enguia magra não é prova de bravura, mas sinal de critério. Da fraca gente, que, repenicada nos veludos assentos, nos (des)manda.

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  • 12:34 | Sexta-feira, 20 de Novembro de 2020
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Nesta quarta-feira soalheira, indo eu, a caminho de Viseu, a passo de caracol, sofrendo como Lázaro, com o fastidioso pára-arranca da desditosa estrada 229, que os sucessivos governos teimosamente insistem em não resolver, talvez reflexo da nula valia que os políticos distritais têm junto das cristalizadas nomenclaturas partidárias lisboetas, e agora, ao que parece, só avançará se as autarquias beneficiadas se chegarem à frente, surpreendi-me com uma fila esticada, que se alinhava, junto ao passeio, às ordens da autuante autoridade.

Contam-se pelos dedos da mão as vezes que me cruzei, na estrada, com uma operação da Guarda Fiscal. Aconteceu, porém, desta feita. São tantos os momentos que as autoridades, com mediáticas operações, e não só, vigiam o código da estrada, protegendo a vida dos cidadãos, que me atrevo a dizer não ser pior que igual zelo se pusesse na protecção dos cofres públicos.

Talvez diminuísse a fuga aos impostos e baixasse a economia paralela, cujos valores, ao que dizem, igualam os do défice. Coisa de pouca monta, pelos vistos. Estes números monstruosos, somados à tendência para a corrupção que grassa por aí, seriam justificações mais do que suficientes para se estreitar a malha e se reforçar o controlo.

Sem negligenciar o peixe graúdo, os tubarões, que preferem circuitos mais sofisticados, restaurantes requintados e passadeiras vermelhas, não se dando à parolice de fazer circular pelas estradas o produto com que engordam o seu património.


Apanhar petinga e enguia magra não é prova de bravura, mas sinal de critério. Da fraca gente, que, repenicada nos veludos assentos, nos (des)manda.

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Publicado em Opinião