A Turma da Mónica

Se, verdadeiramente, a senhorita pensa o que disse, devia estar internada num hospício, à guarda de autoridades sanitárias. É um perigo para a saúde pública democrática que pessoas com esta formação cirandem por aí. Intelectual e moralmente, é uma figura execrável. E pelo silêncio da sua bancada, cujo líder já ninguém ouve e a quem já ninguém liga, parece que, tristemente, não é o único espécime a pensar assim.

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  • 12:27 | Segunda-feira, 18 de Abril de 2022
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Nos meus tempos de adolescente, havia uns livrinhos de banda desenhada, que ainda guardo, à espera que um dia a minha neta lhes dê algum valor. Uns deles, eram da “Turma da Mónica”. Foi deles que me lembrei, quando ouvi a intervenção desbocada e insolente da deputada, Mónica Quintela, do PSD, na AR.

Sem tento na língua, nem freio nos intestinos, desatou a largar asneirada pelos soalhos encerados e a vazar porcaria, nos assentos estofados da AR. O chão ficou sujo com o vomitado. “Sabe qual foi o erro do PSD? Quando o ministro Teixeira dos Santos veio à televisão dizer que era necessário chamar a “troika” e o Fundo Monetário Internacional, devíamos ter deixado que os funcionários públicos e toda a gente ficasse sem receber os salários, um mês, dois meses, aprendiam, era uma pressinha, aprendia o povo e aprendia o PS. Mas não, o PSD veio cobrir“.

Coisa mais linda, mais profunda, não há. Confundindo mousse de chocolate com matéria fecal, desatou a zurzir no povo, castigando-o, como se fosse o culpado dos erros dos políticos. É de quem pensa só com metade do cérebro. Para a mulherzinha alarve, a cura de todos os males passava por ser o povo a suportar ainda pior.

A austeridade não lhe deve ter batido à porta, ou, porventura, até lucrou com ela. Não escondendo o sarro das suas ideias, conseguiu ser inconveniente e baixa. Já a conhecia feia de cara, não a sabia horrível nos argumentos. Julgava-a mais polida, mais inteligente, mais arejada, mas, olhando ao que disse, enganei-me.


Confesso que não percebi o que pretendia alcançar com aquele arrazoado insuportável. Daquela cabeça não jorra coisa que valha um vintém, só imundície, vingança e mau perder.

Decerto que ela ou alguém próximo dela, não sofreu com os cortes da troika, senão não se atreveria a ser tão crua e bruta, nem a dizer o que disse, de forma tão imperativa e cínica. E confirmei que não é obrigatório ser-se titular de certas qualidades para se chegar a deputado. Para alguns, basta estar na estação, à hora que passa o comboio das virtudes.

Se, verdadeiramente, a senhorita pensa o que disse, devia estar internada num hospício, à guarda de autoridades sanitárias. É um perigo para a saúde pública democrática que pessoas com esta formação cirandem por aí. Intelectual e moralmente, é uma figura execrável. E pelo silêncio da sua bancada, cujo líder já ninguém ouve e a quem já ninguém liga, parece que, tristemente, não é o único espécime a pensar assim.

Por este andar, e com exemplares destes, diria que vão longe e com o passo seguro.

 

(Foto DR)

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Publicado em Opinião