A falha de distribuição de jornais no interior, a favor ou contra?

Em suma, nesta visão, o desaparecimento dos jornais de Lisboa no interior não é uma perda para a democracia, mas sim uma vitória da soberania informativa local contra a tirania doutrinal da capital.

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  • 14:09 | Sábado, 06 de Dezembro de 2025
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Há muito que a grande imprensa lisboeta, os ditos jornais de referência (seja lá isso o que for), deixou de ser um veículo de informação neutra e passou a ser uma câmara de eco da narrativa política dominante, uma ferramenta de propaganda governamental, de doutrinação wokista, soviética e islâmica, funcionando como um megafone do status quo, do poder, com editoriais afinados para perpetuar ideologias, políticas e imagens, ignorando frequentemente as realidades e as carências específicas do país e suas gentes, que se vêm assim colonizados pelas ideologias do grande centro urbano e alheia aos valores tradicionais das comunidades mais pequenas, numa agenda totalmente alienada para o tecido social local.

O seu desaparecimento, a sua ausência é, portanto, um ganho: menos “nojo” e menos contaminação de ideias que, para no interior do país, muitas vezes são vistas como irrelevantes ou destrutivas.

Se a imprensa “tradicional” (seja lá isso o que for) falha, a solução para o cidadão é, não mais um subsidio para os média, mas declarar a auto-suficiência, até porque a internet e as redes sociais são apresentadas como o novo campo de batalha da informação, com cada cidadão como Editor, e com a vantagem de que, sem a tutela informativa de Lisboa, os cidadãos do interior serem forçados a procurar as suas próprias fontes, assumindo desse modo o controlo da narrativa. Em vez de serem “inundados e condicionados” pela seleção de notícias da capital, podem consumir informação relevante e formar as suas próprias bolhas de opinião, livres da interferência central da capital. A informação não desaparece, apenas se descentraliza e se torna filtrada pelo interesse próprio.

Este argumento estende-se, de igual forma, à imprensa desportiva. Os jornais desportivos nacionais são pura propaganda dos três grandes clubes. Sem ser inundado com essa doutrinação desportiva, certamente que o beirão passa a dar mais relevência aos clubes locais. Académico, Lusitano e Tondela e demais equipas agradecem, assim como todos os desportistas locais. A não distribuição dos jornais “nacionais” liberta as comunidades do interior da obrigação mental de se preocuparem excessivamente com os resultados dos grandes clubes. A energia mediática, em teoria, poderia ser redirecionada para apoiar os “nossos próprios clubes de futebol e/ou desportivos, valorizando mais as competições regionais.


Em suma, nesta visão, o desaparecimento dos jornais de Lisboa no interior não é uma perda para a democracia, mas sim uma vitória da soberania informativa local contra a tirania doutrinal da capital. A informação verdadeira é a que a sociedade e o individuo encontra por si, e não a que lhe é servida de cima para baixo e imposta à força. A potencial falha na distribuição dos jornais de Lisboa no interior de Portugal pode ser vista como benéfica, e não como uma crise, se nos basearmos na ideia de que os jornais da capital não servem a informação, mas sim a doutrinação, e que a sua ausência abre espaço para uma comunicação mais autêntica e local.

 

Pedro Esteves

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Publicado em Opinião