Há muito que a grande imprensa lisboeta, os ditos jornais de referência (seja lá isso o que for), deixou de ser um veículo de informação neutra e passou a ser uma câmara de eco da narrativa política dominante, uma ferramenta de propaganda governamental, de doutrinação wokista, soviética e islâmica, funcionando como um megafone do status quo, do poder, com editoriais afinados para perpetuar ideologias, políticas e imagens, ignorando frequentemente as realidades e as carências específicas do país e suas gentes, que se vêm assim colonizados pelas ideologias do grande centro urbano e alheia aos valores tradicionais das comunidades mais pequenas, numa agenda totalmente alienada para o tecido social local.
O seu desaparecimento, a sua ausência é, portanto, um ganho: menos “nojo” e menos contaminação de ideias que, para no interior do país, muitas vezes são vistas como irrelevantes ou destrutivas.
Este argumento estende-se, de igual forma, à imprensa desportiva. Os jornais desportivos nacionais são pura propaganda dos três grandes clubes. Sem ser inundado com essa doutrinação desportiva, certamente que o beirão passa a dar mais relevência aos clubes locais. Académico, Lusitano e Tondela e demais equipas agradecem, assim como todos os desportistas locais. A não distribuição dos jornais “nacionais” liberta as comunidades do interior da obrigação mental de se preocuparem excessivamente com os resultados dos grandes clubes. A energia mediática, em teoria, poderia ser redirecionada para apoiar os “nossos próprios clubes de futebol e/ou desportivos, valorizando mais as competições regionais.
Em suma, nesta visão, o desaparecimento dos jornais de Lisboa no interior não é uma perda para a democracia, mas sim uma vitória da soberania informativa local contra a tirania doutrinal da capital. A informação verdadeira é a que a sociedade e o individuo encontra por si, e não a que lhe é servida de cima para baixo e imposta à força. A potencial falha na distribuição dos jornais de Lisboa no interior de Portugal pode ser vista como benéfica, e não como uma crise, se nos basearmos na ideia de que os jornais da capital não servem a informação, mas sim a doutrinação, e que a sua ausência abre espaço para uma comunicação mais autêntica e local.
Pedro Esteves