Voluntários reclusos

Temos um responsável da Saúde pública cujo nome assim como os actos raros conhecem e quase todos ignoram. Quanto ao autarca local, se em tudo é um “flop”, dele nada se esperaria, neste contexto e no apoio real aos seus 99 274 habitantes (Censos 2011) espalhados pelas 25 freguesias do concelho.

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  • 8:30 | Sexta-feira, 20 de Novembro de 2020
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Portugal estava ontem com 243 009 caso de Covid 19 e com um aumento diário de 6 994 casos e 3 701 mortes confirmadas, das quais, 69 no dia 19 do corrente.

O pico do surto não chegou ainda e as perspectivas, muito negativas, preveem um aumento exponencial de vítimas até meados de Dezembro.

Chegará o 2021. O que nos trará é uma incógnita com a tónica posta nas miraculosas vacinas. Qual a sua eficácia e qual a quantidade que Portugal disporá? 10 280 000?


De certo e pessoalmente, apenas sei estar há meses inscrito na farmácia de onde gasto para uma simples vacina da gripe e ela não chegar.” Não há”, diz-me a a farmacêutica contrita…

A região Norte de Portugal com 91 212 casos é um território alarmante à escala europeia. Segue-se-lhe a Região de Lisboa com 70 751 casos.

Os hospitais estão em ruptura ou à beira dela. A breve termo, neles, os médicos serão postos perante a angústia de decidir quem vive ou morre, por falta de recursos, materiais e humanos para salvar e acudir a todos.

O país agita-se com protestos contra o confinamento. O sector da restauração encabeça-os. É legítima a preocupação destes profissionais. Mas qual a contrapartida exequível? Portas abertas? Subsídios estatais? E os outros sectores da economia?

Os idosos, nos lares, ipss’s, misericórdias, deixam-nos com uma pesada angústia perante as ocorrências que todos os dias os vitimam, indefesos, frágeis, e se lúcidos, a viver o horror da morte mais próxima e deste modo inesperado.

No nosso distrito, o concelho de Viseu, mais povoado, vai à cabeça com 961 casos (últimos dados e provavelmente já desactualizados). Segue-se-lhe Cinfães com 741 casos, Mangualde com 260, Castro Daire com 231, Oliveira de Frades com 220 e Tondela com 210.

As autoridades de saúde locais, num silêncio pesado, cingem-se a frases feitas como “a situação é preocupante”. E que tal se comunicassem algo que os utentes ignorassem e lhes fosse proveitoso, nomeadamente acerca das “démarches” activadas e da acção concreta no terreno?

Temos um coordenador da Região Centro. Temos? Pelo informe do carro oficial em uso à porta da autarquia viseense estacionado, passa lá mais tempo do que no tempo em que foi improfícuo vereador da oposição. E os restantes 76 municípios? E quais as reais e oportunas estratégias implementadas?

Temos um responsável da Saúde pública cujo nome assim como os actos raros conhecem e quase todos ignoram. Quanto ao autarca local, se em tudo é um “flop”, dele nada se esperaria, neste contexto e no apoio real aos seus 99 274 habitantes (Censos 2011) espalhados pelas 25 freguesias do concelho.

Fica-nos a crua percepção de que estamos entregues a nós mesmos e de que, perante o crescimento exponencial dos números da “peste”, só nos resta tornarmo-nos cautíssimos e voluntários reclusos, em fuga da temível realidade circundante. Até quando?

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