Viver Viseu, claro!

Vivo em Viseu há 34 anos o que me confere um direito inquestionável de cidadania. Gosto de Viseu, com actos e com palavras. Não sou fã daqueles que adoram Viseu… de boca. Vivemos a era da propaganda, do mediatismo, em que uma mentira muitas vezes propalada adquire estatuto de verosimilhança, que é aquilo que mais se parece […]

  • 19:33 | Segunda-feira, 05 de Janeiro de 2015
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Vivo em Viseu há 34 anos o que me confere um direito inquestionável de cidadania.
Gosto de Viseu, com actos e com palavras. Não sou fã daqueles que adoram Viseu… de boca.
Vivemos a era da propaganda, do mediatismo, em que uma mentira muitas vezes propalada adquire estatuto de verosimilhança, que é aquilo que mais se parece com a verdade sem o ser.
Viver Viseu é um slogan que visa consubstanciar a marca Viseu e reiterar uma qualidade de vida que, às vezes tem fundamento, noutras é uma mera treta.
Basta analisarmos os números do desemprego; constatarmos o crescimento da pobreza e a existência de sem-abrigo; passearmos pela cidade e vermos o número crescente de comércios encerrados; o despovoamento do centro urbano nas suas artérias outrora mais atractivas (Rua Formosa; Rua Capitão Silva Pereira; Rua da Paz; Rua Direita; Rua do Comércio, etc.); o envelhecimento da população; a falência de parques industriais, et all.
Disfarçar esta realidade com um voo Bragança – Viseu – Cascais – Portimão, por exemplo,  é uma bacoquice que o governo eleitoralista oferece, com um gasto de erário de8 milhões e vantagens muito questionáveis; ou tratar muito bem dos ajardinamentos urbanos e esquecer as periferias; ou insistir no acessório relegando o essencial para as calendas…
Hoje, na periferia urbana, voltei a ver a cena que se presentifica nas imagens. Acontece. Principalmente em época de festividades como o Natal e o Ano Novo. O pior é estar ali, assim, desde o dia 21 de Dezembro, pelo menos, à vista de todos os passantes, moradores e funcionários de recolha de lixo. Ou seja, pelo menos, há 14 dias…
Viver Viseu não é decerto isto. E esta cena sórdida deste monturo urbano – escuso-me de referenciar aqui o local para não envergonhar ninguém, mas disponibilizo-me a dizer particularmente onde é – não se vê noutros concelhos do distrito de Viseu. E dou três exemplos de autarquias “laranja” onde tal nunca seria possível: Sátão, Sernancelhe, Tondela…
Talvez esteja na hora de Viver Sátão; Viver Sernancelhe; Viver Tondela e muitos outros concelhos do distrito, onde há obra no recato dos sensatos e na lúcida serenidade de quem não anda aos pássaros no ar, esquecendo os que tem na mão.
 

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