Um rosário de” ilegalidades e embustes”?

    Ontem, no noticiário das 20H00, na TV1, um jornalista – que mal deixava falar o entrevistado, dava as perguntas e interrompia com as respostas – questionava o advogado de José Sócrates, DeLille, que respondia o ministério público ter cometido no caso em questão, várias “ilegalidades e embustes”. Claro que não acreditámos. E decerto […]

  • 0:07 | Sábado, 17 de Outubro de 2015
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Ontem, no noticiário das 20H00, na TV1, um jornalista – que mal deixava falar o entrevistado, dava as perguntas e interrompia com as respostas – questionava o advogado de José Sócrates, DeLille, que respondia o ministério público ter cometido no caso em questão, várias “ilegalidades e embustes”.
Claro que não acreditámos. E decerto que o ministério público, na pessoa da sua Procuradora-Geral, vai imediatamente intentar um processo por difamação ao dito causídico.
A não o fazer… bom, a não o fazer, em derradeira instância, poderemos invocar a sabedoria popular que, vox populi sentencia: “Quem cala consente!”
A ser assim, e por mera hipótese académica, se consente dá razão ao declarante e se dá razão ao declarante… estamos perante um caso de extrema gravidade. E porquê? Porque, num Estado democrático e de Direito, a Justiça é um pilar fundamental consignado na Constituição para garantia dos Direitos e Liberdades dos Cidadãos… e nunca o seu oposto.
Se “errar é humano” – e em última análise todos podemos errar – uma entidade como o ministério público ao eventualmente o fazer, está a pôr em causa a credibilidade da estrutura judiciária nacional, perante a mediatização conferida ao processo e detenção em questão, de um ex-primeiro-ministro de Portugal. Vamos todos aguardar serenamente o desenrolar do assunto, na próxima semana.
Porém, estamos cientes de que o advogado DeLille, num arroubo, deu voz à emoção. Não obstante, fê-lo com segurança, autoridade e perante milhões de telespectadores, que poderão vir a pensar ser verdadeira a sua afirmação.
Por seu turno, o advogado Araújo do também José Sócrates afirmava um pouco antes, na SIC Notícias, que o “juiz levara uma trepa”.
Fomos ver ao dicionário da Academia das Ciências de Lisboa que, no seu IIº volume, página 3629, esclarece “tareia, sova, descompostura ou censura violenta, repreensão…” e quedámo-nos incrédulos a pensar se seria possível um “meretíssimo juiz” ser alvo de tal destrato?
Ainda assim e na toada de galope, fomos ainda pesquisar o significado de “meretíssimo” para concluir vir do latim “meretissimus”, aquele que tem muito mérito, de “meritum”, bondade e valor, de “merere”, merecer… No fundo, aquilo que sempre pensámos.

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Publicado em Editorial