Remissão dos pecados: Almeida Henriques devoto de Madre Rita

Não é inaudito mas quase nos deixa siderada a capacidade imaginativa de AH. Construir uma pista pedonal entre a Igreja Matriz de Ribafeita e a casa de Madre Rita, num total de uma dúzia de quilómetros, foi sua derradeira visão. De AH tudo se pode esperar porque é a bondade personificada, tem bons sentimentos, quer-se purificar […]

  • 9:11 | Sexta-feira, 23 de Maio de 2014
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Não é inaudito mas quase nos deixa siderada a capacidade imaginativa de AH. Construir uma pista pedonal entre a Igreja Matriz de Ribafeita e a casa de Madre Rita, num total de uma dúzia de quilómetros, foi sua derradeira visão.
De AH tudo se pode esperar porque é a bondade personificada, tem bons sentimentos, quer-se purificar de algum pecadilho, traz os seus munícipes no coração, é devoto de Madre Rita, herdou uns milhões do seu companheiro e amigo de peito, Fernando Ruas e quer, de algum modo, fazer agenda e criar turismo religioso inovando a peregrinação para o âmbito da penitência e limpeza da alma…
Portugal é um país de pecadores, tem muitos políticos e serão eles, decerto, os maiores frequentadores desta pista.
AH gasta aos cem mil euros como quem compra uma camisa nos saldos do Tavares e, parafraseando-o, “Para nós, a Madre Rita é uma opção estratégica, que o município e a freguesia assumem como desígnio.” Nós desconfiávamos mas ainda duvidámos que este crente visse na Madre Rita uma opção estratégica… Só não acrescentou que estratégia é essa ou, sendo a estratégia uma operacionalização para atingir objectivos, quais objectivos pretende AH atingir por intermédio de Madre Rita. Um milagre?
No domínio da metafísica e nos anais da teologia muitas possibilidades se abrem e bifurcam num peito de pecador arrependido. Será por aí ou para, a exemplo do Cardeal Cerejeira e Salazar (1940), gizar nova Concordata, com o fim de e através dela, a Igreja Católica ter mais reconhecimento, já não pelo Estado português, mas pela câmara de Viseu, primeiro, largo e simbólico passo para a concessão de um estatuto privilegiado nas mais diversas áreas, recuperando ainda diversas prerrogativas e privilégios respeitantes à sua jurisdição e actuação local. Se este é o intento, aplaudimos com entusiasmo.
No país de Fátima, do Futebol e do Fado, AH valoriza “o facto de termos uma figura beatificada no nosso concelho, promovendo o turismo religioso”, como refere… Mas ao dar luz verde a esta iniciativa, fá-lo pela Fé. Fá-lo por um povo de pecadores. Fá-lo pelos irmãos brasileiros, porque entende “Madre Rita é uma beata venerada em várias partes do mundo, designadamente no Brasil.” Fá-lo porque é um apóstolo devoto da hagiografia viseense. Fá-lo, enfim, porque depois de Aquilino Ribeiro e Dom Afonso Henriques, seria uma injustiça não juntar a um republicano convicto e ao Iº Rei de Portugal uma Santa local…

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Publicado em Editorial