As dialécticas tortuosas da análise

São 23H30 e não há resultados definitivos. Porém, a nível nacional esperava-se uma vitória mais significativa do PS sobre o PSD/CDS. Menos de quatro eventuais pontos de diferença ficam aquém das previsões. A abstenção em Portugal é uma das maiores da Europa e no nosso distrito cifrava-se em 69,7%. Número que carece de muita reflexão […]

  • 0:04 | Segunda-feira, 26 de Maio de 2014
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São 23H30 e não há resultados definitivos. Porém, a nível nacional esperava-se uma vitória mais significativa do PS sobre o PSD/CDS. Menos de quatro eventuais pontos de diferença ficam aquém das previsões.
A abstenção em Portugal é uma das maiores da Europa e no nosso distrito cifrava-se em 69,7%. Número que carece de muita reflexão e evidencia que os políticos estão completamente desacreditados, que não têm uma mensagem credível e que a Europa tem pouca importância também para os viseenses… Aqui, onde o nº 2 nacional é Fernando Ruas, num território tantos anos designado como “cavaquistão”, o “ruísmo” já não passa como mensagem válida. Kaput !
Entretanto, a presidente da concelhia de Viseu do PS, Adelaide Modesto, que tem andado mais calada que um mudo, proclamou: “Esta vitória acredita na Mudança e no Novo Rumo para Portugal”. Para além do cliché, acrescentaríamos: acredita sim, mas menos do que ontem…
Relevante o resultado de Marinho e Pinto e da CDU, os verdadeiros vencedores perante o cenário de rotatividade dos partidos do poder. O BE foi penalizado pelos seus problemas internos com a saída de Louçã.
Em Viseu a Aliança Portugal andará pelos 39,9%, o PS pelos 31,2%, o MPT pelos 6,4%, a CDU pelos 5,0% e o BE pelos 3,0% (dados não definitivos).
Os portugueses que votaram, apenas 2/3 do eleitorado, não penalizaram as políticas de Passos Coelho e não valorizaram a alternativa PS.
Mais preocupante é o crescimento da ultra-direita europeia, no Reino Unido, na Dinamarca, em França… Aqui, a vitória de Marine Le Pen foi esmagadora com 25% do FN face aos 20% da UMP e aos magros 15% socialistas. Convém recordar as 4 linhas mestras da sua campanha: valoração da identidade nacional; hegemonia de Bruxelas; ódio aos imigrantes e malefícios do euro. Se pensarmos na declaração de Le Pen (pai) que propõe a inoculação de vírus Ébola para acabar com os imigrantes, ocorre-nos o Zyclon B usado por Hitler nos campos de extermínio de Dachau, Auschwitz-Birkenau, Buchenwald, Ravensbrück, Treblinka, etc. E recorda-nos que ontem mesmo 3 pessoas foram abatidas a tiro no Museu Judeu, em Bruxelas.
A grande mensagem é para uma Comunidade Europeia decadente e com um fraco líder, Durão Barroso; para o desastre das políticas europeias; para a má qualidade dos políticos e para a submissão aos mercados. Hoje, a Europa política e económica tem dono,: os mercados de quem os partidos são subservientes aios. O cidadão foi relegado para um obscuro lugar. E agora queriam que ele votasse…
Lembramos, para terminar o seguinte: Nas eleições realizadas em 2009, o PSD, que agora concorre coligado com o CDS-PP, elegeu oito eurodeputados, enquanto o PS elegeu sete deputados ao Parlamento Europeu. O BE elegeu 3 eurodeputados e o CDS-PP elegeu dois, tantos como a CDU. A abstenção em 2009 foi de 63,22%.
Em 2014, segundo os dados a esta hora fornecidos, o PS terá 8, o PSD com o CDS terão 7; a CDU terá 3, o MPT 2 e o BE 1 (dados estimativos).    

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