Refocilar na mentira

  Lembro-me de um conhecido de Lisboa mas com origens paternas na “terrinha”, que todos os anos vinha com os pais, passar uns dias à “província. Vamos dar-lhe um nome fictício. Era o Adolfo. O Adolfo, fumando uns cigarros fininhos e longos por uma sofisticada boquilha com um aro de “ouro”, fazia as palavras cruzadas […]

  • 12:07 | Sábado, 30 de Agosto de 2014
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Lembro-me de um conhecido de Lisboa mas com origens paternas na “terrinha”, que todos os anos vinha com os pais, passar uns dias à “província. Vamos dar-lhe um nome fictício. Era o Adolfo.
O Adolfo, fumando uns cigarros fininhos e longos por uma sofisticada boquilha com um aro de “ouro”, fazia as palavras cruzadas da Vida Mundial com uma esferográfica verde e preta, da cobiçada marca Pelikan e traçava a perna direita sobre a esquerda com uma elegância de “queque da linha” que nos deixava “babados” de inveja…
Mas o Adolfo tinha mais dois atributos estimáveis: um Fiat 600 Abarth e uma capacidade de “esgalhar galgas” extraordinária… Era o Adolfinho Pêtas.
Miúdos, ouviamo-lo com reverente atenção e depois riamo-nos muito dele, “macaqueando-o” até à exaustão. As suas pêtas eram inimitáveis, pomposas, delirantes. Muito melhores que as aventuras do Tigre da Malásia, O Sandokan do Emílio Salgari…
Há uma analogia entre Passos Coelho, a sua ministra das finanças e o Adolfinho. Contam muitas pêtas. Pensam que nos deslumbram. A diferença é que, infelizmente, não rimos nas suas costas. Choramos.
Neste segundo Orçamento Rectificativo a derrapagem da despesa é de 1.500 milhões de euros. Os impostos aumentam todos os dias. A ministra já admite um terceiro OR. Agora diz que o BES é responsável… há dias dizia que o BES não se reflectiria em nada…
Parafraseando o meu amigo NP:
A 31 de Julho de 2014, a dívida directa do Estado era de 215 mil milhões, 770 milhões, 955 mil, 74 euros e 66 cêntimos. Os portugueses pagaram em 2014 37 mil milhões de euros. Números que vão continuar a aumentar.”
E contudo… aquele traçar de perna, a boquilha, a caneta Pelikan e o Fiat Abarth “metiam cá uma fixa!”

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Publicado em Editorial