Profissionais da política a 30 dinheiros

Os partidos políticos estão desacreditados. Eles hoje já não representam os eleitores. Representam os mercados. Eles hoje não actuam em defesa das suas linhas ideológicas ou das suas promessas eleitorais. Actuam em função das directivas dos grandes grupos económicos transnacionais. Eles hoje têm um poder limitado porque fazem o que lhes mandam. A troco de […]

  • 0:33 | Terça-feira, 14 de Janeiro de 2014
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Os partidos políticos estão desacreditados. Eles hoje já não representam os eleitores. Representam os mercados. Eles hoje não actuam em defesa das suas linhas ideológicas ou das suas promessas eleitorais. Actuam em função das directivas dos grandes grupos económicos transnacionais. Eles hoje têm um poder limitado porque fazem o que lhes mandam. A troco de 30 dinheiros.

Muitos cidadãos, disto conscientes, deixaram de votar recusando a cumplicidade em teatros de paródia e filmes de ficção.

Porém, a crescente abstenção leva ao desenvolvimento daquelas que nos partidos são as minorias políticas hiperactivas. E quem são essas minorias? Os grupos fechados de profissionais da política, desaguados na foz remansosa do “eu-não-sei-fazer-mais-nada-senão-viver-à-custa-da-coisa”. E este círculo tem, a cada ano que passa, o raio mais encurtado, porque dentro da sua linha redonda cada vez cabem menos. Ou então, a sofreguidão e o terror da efemeridade leva-os a um despudor incontinente na arte do bem e depressa-chuchar.


Cada vez mais, os profissionais da política são vistos com desdém, com asco, como pantomineiros, como lapas agarradas ao calhau da sobrevivência.

Gente que NUNCA exerceu o que quer que fosse fora do contexto político-partidário, que nunca deu provas de nada. Habituaram-se a ver nela um modo de vida, cómodo, bem instalado, rendoso, produtivo, pouco trabalhoso e granjeador da afirmação que de outro modo nunca teriam.

Sem falar na colateralidade eventual das funções, na tentacularidade e nos ganhos enviesados dela oriundos.

Perante este cenário, esta autofagia canibal onde os profissionais da política se alimentam da própria democracia, cada vez mais frequentemente, em franjas restritas e mais bem informadas surge a imperiosidade da democracia directa. E este conceito de democracia directa, global, transversal, transnacional aterroriza a “seita”. Porque os põe em causa. Porque usa instrumentos de difusão que eles não controlam. Porque escrutina os seus actos. Porque os denuncia. E esta adição de contundentes procedimentos espelha com celeridade a distorção da sua imagem, a inconsistência da sua mensagem e a fragilidade dos esteios onde julgam fortalecer a sua fundação e a fundamentação da sua retórica.

A longa sucessão de profissionais da política sem qualquer espírito de missão que não o da auto-sustentação é causa e motivo do descrédito total dos partidos que os albergam, mas, mais grave do que esse descrédito é a pesada malfeitoria exercida, destruidora de todos os princípios, crenças quase inabaláveis e expectativas presentes e futuras de um povo e de uma nação. A troco de 30 dinheiros…

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