Portugal muda de mãos…

  … mas descansem os patriotas, os nacionalistas e os fãs do galo de Barcelos. Não é o país propriamente dito, que esse ninguém o quer, pois há quem jure a pés juntos que Dom Teresa de Castela, mãe de Dom Afonso Henriques, quando se amigou com o galego Fernão Peres de Trava e após […]

  • 10:20 | Segunda-feira, 16 de Junho de 2014
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… mas descansem os patriotas, os nacionalistas e os fãs do galo de Barcelos. Não é o país propriamente dito, que esse ninguém o quer, pois há quem jure a pés juntos que Dom Teresa de Castela, mãe de Dom Afonso Henriques, quando se amigou com o galego Fernão Peres de Trava e após a derrota contra o seu descendente, na batalha de S. Mamede, em 1128, rogou tamanha praga que diria: “Este condado de portocale nunca será dos Portugueses…!” Assim, a malévola profecia, tem-nos trazido, dos continentes africano, asiático e americano, compradores de tudo quanto algum valor tem. E esse assunto está resolvido: Compram, pagam e por cá ficam a tirar almudes de leite do úbero que os tugas secaram. Secaram porque ignoraram um pressuposto fundamental da produção láctea: a vaca para dar leite tem que comer. Vaca no osso só dá para vender a açougueiros pechincheiros.
Agora reescreveria o título deste Editorial: Os bens dos portugueses mudam de mãos. E os novos proprietários, esses, não têm rosto. Só têm nome. São a banca e o fisco.
Todos os dias o fisco penhora 189 casas aos portugueses e a banca, outro semelhante número. Porquê? Porque deixaram de ter dinheiro para pagar os seus impostos, deixaram de ter posses para pagar o crédito à habitação. E porquê? Porque este governo, desalmada e impiedosamente asfixia, a cada dia que passa, o povo com impostos e, cereja em cima do bolo, com cortes e reduções de salários.
E o cenário é bom de ver: os esmagados salários dos mais baixos da Europa; uma taxa de desemprego que não anda distante dos 20% da população portuguesa a gerar mais de um milhão de desempregados (por mais malabarismos que os ilusionistas da política façam); um recuo salarial brutal a nível da década de 90; uma taxa de impostos ao nível dos países mais ricos e prósperos da Europa; os preços dos consumíveis mais básicos a subirem todos os dias; um Estado gordo d’amigalhaços; um Governo inchado de incompetentes e… quem se lixa é o Zé!
Quando uma família perde a sua casa, que lhe resta? Nada. Perde a sua auto-estima, o respeito por si próprio, a dignidade, o respeito dos outros e torna-se, não um próspero novo-rico do tempo das vacas gordas, mas um falido novo-pobre, do tempo das vacas magras.
Este é o milagre económico deste Governo: transformou Portugal numa imensa agência imobiliária que vende o luxo a troco de gold visas; o bom aos reformados prósperos de França, Holanda, Luxemburgo… e o mau – por parcos meses –  aos casais portugueses que ainda se aventuram ao direito à habitação.
País degradado; país onde as fissuras sociais aumentam a olhos vistos cada dia que passa; onde os mais ricos enriquecem mais todos os dias e os pobres aumentam exponencialmente a cada dia que passa. Passos Coelho cumpriu o que lhe encomendaram. Cavaco silva, se a “doença”não o impedir antes, condecorá-lo-á no próximo 10 de Junho, Dia da Raça, pelos substantivos serviços prestados aos muito ricos de Portugal.

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