Políticos das 4 esquinas

    Os servidores do Estado têm um serviço de assistência à saúde chamado de ADSE. Para o qual descontam mensalmente, sendo essa contribuição subtraída directamente ao montante salarial ilíquido que auferem. Faço esse desconto há 4 décadas. Felizmente nunca fui grande usufrutuário. Hoje, em matéria de óculos, ou melhor, de lentes, depois de ver […]

  • 15:32 | Terça-feira, 14 de Julho de 2015
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Os servidores do Estado têm um serviço de assistência à saúde chamado de ADSE. Para o qual descontam mensalmente, sendo essa contribuição subtraída directamente ao montante salarial ilíquido que auferem. Faço esse desconto há 4 décadas. Felizmente nunca fui grande usufrutuário. Hoje, em matéria de óculos, ou melhor, de lentes, depois de ver no recibo um IVA de 56,5€ e de me deslocar à Loja do Cidadão para entregar os “papéis” e ficar apto a receber uma ninharia, foi-me dito, pela menina, a despachar, que será depositado na minha conta o montante da comparticipação, no mínimo daqui a 2 meses. Perguntei porquê. A resposta foi: “Por causa da digitalização!”
Devemos ser todos anormais, devemos ser todos virtuais, devemos ser todos irreais… Pedi mais informação sobre o assunto e foi-me entregue um papelucho com números de telefone para reclamação.
Esta é a administração pública que temos onde o único balcão célere é o da Autoridade Tributária — vá-se lá saber porquê.
Não sei o que a funcionária-chapa-5 quis dizer com o imponente termo “digitalização”, coisa que aliás faço diariamente e em quantidade. Digitalizar um documento demora-me, em média, 30 segundos… mas na ADSE, a fazer fé na funcionária entediada, demorará 2 meses.
É preciso serem muito sornas ou terem máquinas muito obsoletas!
A Modernização Administrativa, afinal, e por maus exemplos destes, é a imagem viva, premente e deprimente de uma Administração retrógrada, info-excluída e pasmada algures no tempo, a meio do século XIX.
 
 
O PS Viseu lá vai de tombo em queda, António Borges feito elefante em loja de louça fina.
Depois da excelente cabeça de lista que ninguém conhece mas que também ninguém quer vir a conhecer, depois do lugar do presidente da federação garantido — único objectivo da sua candidatura — depois das renitências do director-geral farmacêutico, ramo onde os salários andam pelos 10 mil euros mais excelsas mordomias, surge a luta da concelhia pelo lugarzinho.
Apoiantes de Borges/Seguro ou “costistas”? Todos se esgadanham e se os nomes adiantados são os da profissional liberal, a advogada Adelaide Modesto e o do administrador do Jornal do Centro, João Rebelo — não confundir com João Cota Rebelo, do CERV-e-não-sei-que-mais nem com Francisco Rebelo, do Grupo Lena (são apenas associados) — do outro lado estão os jovens turcos borgeanos de mão estendida à espera do óbolo sustentatório dos próximos 4 aninhos.
António Costa, distante e mítico, no seu mandarinesco e esfíngico estilo, faz de contas que não sabe de nada.
E este alhear-se dos problemas reais, tornado timbre e cunho de um estilo de fazer política, além de revelar a sua eventual impreparação, sujeita-o a ter o pior resultado de sempre no distrito e… desiludindo afinal quem nele confiou, a que os eleitores lhe voltem costas e tomem, em termos de sufrágio, opções mais interessantes e muito, muito mais credíveis, a nível nacional…
Borges apostou e conseguiu: destruir o frágil PS local. A oposição sorri… sabe que pouco ou nada tem a fazer senão soltar a vela e voar ufana ao sabor do vento e vontade da maré.
O PSD lá terá o seu excelente resultado, fruto mais da incompetência dos opositores que da sua própria competência.
A montante, a verdade do problema: a má qualidade generalizada dos políticos que, e mesmo invocando ou pretextando o seu estatuto de “profissionais da política”, que o mesmo é dizer, gente nula fora deste imenso guarda-chuva de conveniência e circunstância, são mais profissionais do bem-bom a que se arrimam como pastor ao cajado, na íntegra certeza de que fora da teta pródiga estavam a coçar o traseiro nas delidas 4 esquinas da Rua Formosa.
 

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