Os trauliteiros do costume

  Talvez a estas horas o chefe do governo e o ministro da educação se passeiem ainda de braço dado pelas ruas do Luxemburgo. É importante dar ao país sinais de harmonia nos momentos políticos decisivos, quer no âmbito económico, com o Orçamento de Estado, quer na Educação, Justiça, etc. Com Portas a esbracejar a […]

  • 0:01 | Quinta-feira, 23 de Outubro de 2014
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Talvez a estas horas o chefe do governo e o ministro da educação se passeiem ainda de braço dado pelas ruas do Luxemburgo. É importante dar ao país sinais de harmonia nos momentos políticos decisivos, quer no âmbito económico, com o Orçamento de Estado, quer na Educação, Justiça, etc.
Com Portas a esbracejar a sua raivinha pela alegada “infidelidade” de Passos Coelho, que o deixou de fora do núcleo duro de decisão na acarinhada e tão espancada matéria de impostos, com um Orçamento de Estado só gabado pelos “agamelados” e criticado por todos quantos são lúcidos, isentos e sabedores, com um ministério da Educação cheiinho de fracturas, incompetente colocação de professores, falta de pessoal nas escolas, trapalhadas concursais, secretário de Estado a demitir-se por acusação de plágio e peripatéticas atitudes do descredibilizado Nuno Crato, com uma ministra da Justiça a dizer que já está tudo a funcionar correctamente quando em todos os tribunais a realidade é quase caótica, com milhares de processos por Franças e Araganças, atrasos irreversíveis, prescrições, processos não encontrados, obras prometidas e absolutamente indispensáveis por fazer e, cereja em cima do bolo, falta de um milhar de funcionários judiciais. Mas está tudo bem.
E continua a estar tudo bem quando o governo, para dar um mero exemplo e fortalecer a sua autoridade moral, promete redução drástica nos custos com consultores, pareceres jurídicos e técnicos, projectos e estudos de todos os tipos — lembramos que cada ministério tem técnicos competentes e sabedores nas mais diversas áreas — e em 2015 prevê um gasto de 766 milhões de euros nessa rubrica, ou seja, mais 185 milhões. As despesas com tecnologias de informática e comunicação — as tais que não funcionam, não esqueçamos — orçamentadas em 543,8 milhões têm uma subida de mais 79 milhões que em 2014, ou seja, somadas, mais 256,3 milhões que representam um acréscimo de 24,3%…
Bem prega Frei Tomás…
Ademais, uma das bandeiras desfraldadas por Passos Coelho, a de ter poupado 1600 milhões nestas rubricas de consumos intermédios desde 2010, não passa de uma mentira, embuste ou história mal contada, pois esquece-se de dizer que tal se deve a ter aí incluído a compra dos submarinos, no montante de 800 milhões.
Muita charlatanice; muitas “verdades” inverdadeiras; muita treta e labieta e… no fundo, com um país a ser vendido, com os impostos a serem subidos, com os serviços a serem retirados às populações, com as finanças descontroladas, com um povo exangue de tão sangrado… que anda esta cáfila de mentirosos, incompetentes, arrogantes, medíocres a vender aos microfones da parlapatonice?
Ala, ala que se faz tarde! Como dizem na minha terra “se não sabes fazer deixa fazer quem sabe”…
E sem ilusões, Passos Coelho tem a certeza do que não construiu e do que destruiu. Mas a grande questão é essa: Não está ele a cumprir cega e escrupulosamente aquilo que os mercados-patrões lhe mandam fazer?
 
 

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Publicado em Editorial