O vergonhoso passa-culpas do SEF

Se querem um serviço sério, responsável e íntegro comecem de cima para baixo a analisar quem lá têm; seleccionem com critério específico dos serviços e das situações com que vão deparar; sejam rigorosos e SÉRIOS na apreciação dos cometimentos, das queixas e das suas causas.

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  • 13:37 | Quinta-feira, 17 de Dezembro de 2020
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O triste e lastimável caso do presumível assassinato do ucraniano Ihor às mãos de inspectores dos Serviços de Estrangeiros e Fronteiras revela fragilidades inadmissíveis na sua estrutura interna, mas daí até à extinção e/ou integração desse serviço noutros organismos, irá um longo e enviezado caminho.

Primeiro e mesmo sabendo que há acções “negativas” reiteradas com diversas queixas, entre outras, à Ordem dos Advogados, seria curial perceber-se onde elas se situam sistematicamente.

Depois, identificar quais as hierarquias responsáveis que permitiram, por desconhecimento, complacência ou negligência que isso acontecesse.


A seguir, auditar profundamente esses pontos de incidência dos atropelos aos mais basilares direitos humanos.

Por fim, ponderar na selecção e recrutamento do pessoal afecto a esse serviço e, obviar à entrada de “cowboys” desprovidos dos mais elementares princípios éticos, morais e funcionais para o desempenho das funções.

É tempo do SEF e outros serviços afins apostarem, mais do que naqueles capazes de provas físicas louváveis, em colaboradores com sólida formação académica, nomeadamente no domínio do Direito, da Psicologia, da Informática.

Bastões, algemas, seguranças desadequados ao serviço, inspectores mal-formados, mais parecem tirados de um filme de aventuras made in USA, do que dos quadros de um serviço público que, nos aeroportos predominantemente e no quotidiano deparam com situações dramáticas vividas não só por alguns putativos marginais como também e maioritariamente, por cidadãos honestos, fragilizados e ali tratados como temíveis criminosos.

O que se passou nas instalações do SEF no aeroporto de Lisboa, bem pode, na sua brutal atrocidade, servir para lição e dela se tirar a aprendizagem necessária para que nunca mais no futuro se repita tal situação.

Além disso, será tempo de colocar nas chefias quadros competentes e de provas dadas, mais do que amigos de um amigo, ou militantes do partido circunstancialmente no poder.

Os recorrentes “atropelos” no SEF do aeroporto de Lisboa, afinal, seriam do conhecimento de toda a gente, Provedoria da República incluída e denotam, mais que lentidão no agir e negligência no apurar, uma “rebaldaria” de difícil compreensão e aceitação. Das chefias intermédias ao topo, poucos estarão inocentes, pois não é crível que algum deles ignorassem a realidade do que por lá se passava. A imunidade desses “servidores do Estado de direito” começa nos comissários políticos colocados nas chefias e acaba nos serviços paralelos adjudicados para complemento da estrutura policial, como por exemplo os de “segurança”.

A violência como resposta a todo o tipo de situações que se passam nesses serviços, mesmo aceitando o risco que alguma delas comportam, nunca deveria permitir o barbarismo e a selvajaria das reacções que a todos os portugueses foram superficialmente dadas a apreciar pela comunicação social.

Se querem um serviço sério, responsável e íntegro comecem de cima para baixo a analisar quem lá têm; seleccionem com critério específico dos serviços e das situações com que vão deparar; sejam rigorosos e SÉRIOS na apreciação dos cometimentos, das queixas e das suas causas.

O SEF terá gente competentíssima, seriíssima, diligentíssima. Por isso e mesmo sabendo que a árvore não faz a floresta, punam-se sem receio e com mão dura os prevaricadores, afastem-nos do serviço e não desdourem a imagem de toda uma corporação que não merecia, no geral, ser vítima de um punhado de selvagens.

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