O Sr. Barroso e o Sr. Saraiva

      Provavelmente pouco haverá em comum entre estes dois cidadãos, para além de serem portugueses, terem amplo sentido de oportunidade e envergonharem Portugal. Contas feitas, já é qualquer coisinha…   O Sr. Barroso que apregoa sua indignação à nortada e ao suão, que se sente ofendido pelas atitudes que a sua “formal adesão” […]

  • 17:55 | Sábado, 24 de Setembro de 2016
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Provavelmente pouco haverá em comum entre estes dois cidadãos, para além de serem portugueses, terem amplo sentido de oportunidade e envergonharem Portugal. Contas feitas, já é qualquer coisinha…
 
O Sr. Barroso que apregoa sua indignação à nortada e ao suão, que se sente ofendido pelas atitudes que a sua “formal adesão” à Goldman Sachs desencadeou, um pouco por toda a parte no mundo, desde a púdica Wall street à CE, deveria pensar naquilo que fez e agora tenta disfarçar ou encobrir e se prende com as relações “amistosas” que já mantinha com os banqueiros empregadores ainda e durante o seu mandato de presidente da Comissão Europeia, reunindo com o CEO da GS e discutindo intensamente as medidas que mais convinham a Lloyd Blankfein, que não poupou elogios às reformas do Sr. Barroso, eventualmente por ele próprio sugeridas. Sem esquecermos a “aposta na falência da Grécia” por um fundo da GS, a Paulson& Co, que faz para o efeito golpista um “investimento” de 4 mil milhões, com as consequências que não ignoramos.
Enfim, o Sr. Barroso pode indignar-se, sentir-se injustiçado, perseguido e vilipendiado… mas, julgo que para os portugueses sobeja mais a vergonha de sermos seus compatriotas.
 
O Sr. Saraiva escreveu o tal livro que o líder do PSD ia apresentar mas já não vai. São revelações confidenciais de políticos, conversas havidas no sigilo de pessoas de bem, mexericos de já finados, violação de privacidades, se é que as houve, coscuvilhices, cochichos de gente importante. O que quer que “isto” seja ou signifique.
Acrescidas de revelações sexuais, partilha de vivências tão desmesuradamente fundamentais para a Nação que o Sr. Saraiva sobre elas reitera “seria porventura egoísmo guardá-las só para mim”.
No fundo, daqui iladimos ter sido esta escrita um acto da inultrapassável filantropia, plasmada (como gosto desta palavra!) num documento pedagógico para servir de manual futuro das más práticas dos directores de alguns meios de comunicação social.
Para o efeito criou-se até um promocional caso que não existia, passando a dar foros de Pulitzer Prize  a um folhetim paquistanês lá dos lados de Peshawar… sem elefantes mas com muita masturbação e voyeurismo.
O Sr. Saraiva com o seu ar profeticamento cândido sente-se como o Sr. Barroso injustiçado. Incompreendido pela turbamulta acéfala.
Pelos vistos estaremos todos a anos-luz dos desígnios exemplarmente modelares destes dois fabianos. No fundo, uns avant-gardistes da política do devir e do onanismo estrábico abjecto e objecto de jornalistas falhados.

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