O livro do Rodrigo

  Tive a fortuna de crescer em casas com livros. Havia-os em casa de meus pais. Havia uma biblioteca deslumbrante em casa de meus avós. De pequeno, o meu maior prazer era escapulir-me lá para dentro e passar horas infindas a desfolhá-los e mais tarde a lê-los. A extraordinária Biblioteca Itinerante da Fundação Calouste Gulbenkian […]

  • 12:14 | Terça-feira, 09 de Fevereiro de 2016
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Tive a fortuna de crescer em casas com livros. Havia-os em casa de meus pais. Havia uma biblioteca deslumbrante em casa de meus avós.
De pequeno, o meu maior prazer era escapulir-me lá para dentro e passar horas infindas a desfolhá-los e mais tarde a lê-los.
A extraordinária Biblioteca Itinerante da Fundação Calouste Gulbenkian tornou-se depois a minha Meca.
Recordo que me eram aí negados certos autores e livros, porque o Sr. Carvalho (que muito estimo), o responsável por aquela unidade, entendia não serem adequados à minha tenra idade. E bem. Coisas como a “Moll Flanders” de Daniel Defoe ou “O Idiota” de Dostoievski… E tinha toda a razão. Mas o meu tolerante pai não o entendeu e manuscreveu a meu instado rogo um cartão com indicações para me serem emprestados todos os títulos que eu achasse por bem requisitar. Foi um triunfo!
 
Aquilino Ribeiro escreveu para o seu primeiro filho, Aníbal Aquilino Fritz Tiedemann Ribeiro a obra “Romance da Raposa”, que viu prelo em 1924 e fez as delícias de milhares de crianças nas diversas línguas em que foi traduzido.
Escreveu depois para o seu segundo filho, Aquilino Ribeiro Machado “Arca de Noé – III Classe”, editado em 1936. Finalmente, pouco antes do seu fim, em 1963, teve o ensejo de escrever para a sua primeira neta, a única que conheceu, Mariana Machado, “O Livro de Marianinha”, postumamente publicado em 1967.
Ao escrever para seus filhos e sua neta, Aquilino, outorgando-lhes uma dádiva indestrutível, preciosa e duradoira, escreveu para todas as crianças que os puderam ler, num legado fantástico que encantou sucessivas gerações de ganapos em Portugal e mundo afora.
A televisão dava os seus titubeantes passos no início da década de 60 e o livro era a mágica porta para todas as aventuras…
 
O nosso estimado amigo, mestre e colaborador Alberto Correia assim o entendeu. E com o seu inato dom criativo, juntando à sua fantasia o seu amor, as portentosas fotografias de José Alfredo e o admirável design de Sónia Ferreira, homenageou, no Natal de 2015 os 5 aninhos de seu neto Rodrigo com a conseguida e deslumbrante publicação “RODRIGO, As Letras do Meu Nome”.
 
Foi-me oferecido pelo seu autor. Li-o com a comovente ternura com que foi escrito e invejei o Rodrigo… que neste Natal recebeu uma prenda única, um tesouro que perdurará para sempre no seu coração, com o mesmo ímpeto que pulsou no coração grande de afectos de seu Avô Alberto, ao concebê-lo.

Oxalá todas as crianças do mundo pudessem receber um livro pelo Natal…

 
 


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