Le marquis est mort, vive le marquis

  Num Estado de Direito e democrático NINGUÉM está acima da Lei. Quanto mais alto é o cargo que um cidadão sufragado pelo Povo ocupa, maiores são as suas responsabilidades, mais modelar deve ser o seu comportamento, mais exemplares as suas atitudes. De alguém que ocupa o quase topo da hierarquia do Estado espera-se, aguarda-se, […]

  • 22:28 | Terça-feira, 25 de Novembro de 2014
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Num Estado de Direito e democrático NINGUÉM está acima da Lei.
Quanto mais alto é o cargo que um cidadão sufragado pelo Povo ocupa, maiores são as suas responsabilidades, mais modelar deve ser o seu comportamento, mais exemplares as suas atitudes.
De alguém que ocupa o quase topo da hierarquia do Estado espera-se, aguarda-se, exige-se um rigor incontornável.
Por isso todos quantos se afastam dessa via, seja pelas presumidas ilicitudes da corrupção, seja pelas ínvias sendas da mentira, deverão pagar pelos seus actos. Até e porque eles não são os do cidadão comum. São os do cidadão investido de um poder e de uma autoridade quase soberana.
Um governante que não exerça o governo de forma inequivocamente límpida, transparente e honesta é indigno daqueles que o elegeram e do país que representa.
O resto… é um charivari à medida da lusíada dimensão.
Um ex primeiro-ministro é detido. Há indícios fortes de prevaricações várias. É inocente até ser ouvida a sentença. Está preventivamente preso. E daí?
O sol nasce amanhã no poente?
O carrocel mediático não tem as costas largas nem culpas à ilharga. Dá ao espectador o que ele quer ver: milagres em Fátima; vitórias do Benfica e do Sporting em Chelas; homicídios no Casal Ventoso; luta de chulos na Mouraria; fenómenos nunca vistos no Entroncamento; couves tronchas do tamanho de catedrais góticas em Vila Cova à Coelheira; bois cascudos da raça arouquesa a marrar às vacas; ceguinhos do Lumiar a quem sai o euromilhões; fadistas desgraçadas a carpir Alfama fora a traição…
Gosta também muito de políticos e padres pecadores. Porquê? Por serem a antítese do pecado e a barca da salvação. Por serem iguais ao vulgo despidos do hábito em tosco burel franciscano ou do fato azul escuro armani.
A um povo humilhado, espezinhado, feito inçadoiro de impostos e abuso de mentiras e com dezenas de anos de cerviz caída, não se pode exigir que à lareira leia Padre António Vieira e antes de adormecer veja Michelangelo Antonioni ou ouça fugas de Bach.
O triste espectáculo é lastimável. Tal como a condição humana. Mas existe. E ignorá-lo é tentar tapar o sol com a peneira e pensar que o Paraíso é um lugar fantástico. Mas sem Caim nem Abel.
O mundo continua. Será sempre melhor e mais saudavelmente habitável sem os desaforos dos políticos. E ponhamos de lado as hipocrisias, quando 200 forem para Évora… só terão que se alargar as instalações. Mas o ar que respiramos será mais puro. E uma moral nova se erguerá. Heresias ou ilusões? Antes isso que corrupção, branqueamento de capitais, fraudes, dolos, enganos, associações criminosas, mentiras e etc. Principalmente… e etc.
E já agora… alguém se preocupa com o Orçamento de Estado aprovado que em 2015 vai roubar milhares de milhões aos portugueses?

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Publicado em Editorial