Carneiros mansos?

O Governo abriu concurso público para a presidência da CCDRC  –  uma novidade que quer mostrar a isenção, a transparência, a meritocracia e a ausência de amiguismo na ocupação de lugares de dirigentes. A Comissão de Recrutamento e Selecção na Administração Pública (CReSAP) apurou 3 candidatos, por ordem alfabética: Ana Abrunhosa, António Queirós e Norberto […]

  • 10:17 | Quinta-feira, 15 de Maio de 2014
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O Governo abriu concurso público para a presidência da CCDRC  –  uma novidade que quer mostrar a isenção, a transparência, a meritocracia e a ausência de amiguismo na ocupação de lugares de dirigentes.
A Comissão de Recrutamento e Selecção na Administração Pública (CReSAP) apurou 3 candidatos, por ordem alfabética: Ana Abrunhosa, António Queirós e Norberto Pires.
Entretanto o JN apresenta uma estranha notícia. Ver em:
Onde se dá conhecimento de 4 factos, um deles logo em manchete:
Governo escolhe economista da confiança de Sócrates para liderar CCDRC
1º A candidata seleccionada é Ana Abrunhosa e será afecta ao PS (conjectura-se);
2º António Queirós, apesar da pré-selecção, foi preterido por “ter sido gestor da insolvente sociedade Invesvita”;
3º Norberto Pires ficou pelo caminho, apesar de ter sido ex-presidente da CCDRC, actual vereador do PSD na Câmara de Condeixa-a-Nova e ex-líder da sociedade CoimbraiParque, porque “embora pessoa muito competente e experiente, tem o ‘defeito’ de ser muito frontal/directo e tem pelo menos um ex-membro do Governo que nutre por si um ódio de estimação que o poderá ter prejudicado neste concurso.”
4º A decisão final recairá em Poiares Maduro e Moreira da Silva.
A ser assim, fez-se um “concurso da treta” para mostrar o que não existe: isenção e seriedade; porque António Queirós tinha um “handicap” e Norberto Pires “ódio de estimação” de um ex, acabou por se seleccionar alguém afecto a outra cor política. O que é um facto interessante. Não pondo em causa – de modo algum – o mérito desta professora universitária e ex vice da CCDRC nomeada por Sócrates, inquinaram a sua nomeação. O que a candidata naturalmente não mereceria, porque fica a ideia de que apesar de tudo é o mal menor.
Quanto às invocadas razões do preterimento de Norberto Pires – o único dos 3 que conhecemos pessoalmente e com quem temos, até, relação de alguma proximidade – desde quando ser “frontal e directo” é um óbice? Sendo um homem do PSD, teria que ser um “carneiro manso”? A cereja em cima do bolo reside na informação de que um “ódio de estimação” estaria na base da decisão… Se é verdade, Poares Maduro e Moreira da Silva são dois meros “bananas” movidos não pelo interesse público, pela isenção e transparência, mas pela “cunha baixa” e fel bolsado de algum ex-governante com estranha dor de qualquer coisa.
É do domínio público e refere-se em fontes afectas ao partido laranja a existência de desentendimentos entre Almeida Henriques, o autarca de Viseu e Norberto Pires. Diz-se que foi aquele uma das forças geradoras da demissão deste na sua passagem de 6 meses pela presidência da CCDRC. Que entraram em ruptura. Diz-se. Será esta a origem do alegado “ódio de estimação”?
Não acreditamos, até e porque Almeida Henriques nunca desceria a essa inqualificável e cobarde baixeza.
No fundo, ninguém sai bem desta “salsada”. Mas o pior é mesmo a noção com que se fica de um governo sem nível, frouxo, trauliteiro, faz-de-contas que é sério, recrutador de yes-men, temeroso de quem tem opinião própria, pressionável, cedendo a influências de baixo quilate e índole pessoal…
Tanto tempo perdido em procedimentos concursais para quê? Tanto dinheiro gasto aos contribuintes em nome do pseudo mérito para quê?
Esta malta bem tenta tapar o sol com a peneira, mas no fundo, o instinto básico da tribo fechada e incivilizada vem ao de cima e a imagem emergente é a de uns indígenas que funcionam pela cunha e pelo disse-que-disse.
Também não se esperava outra coisa…
Será que os dois responsáveis ministeriais têm a hombridade de explicar os critérios que subjazeram aos seus actos e sua selecção?
Ou nem para isso servem, até e porque pode não haver, de facto, fundamento sério sustentatório do seu acto?
 

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