Alguém falou em VAMPIROS?

Austeridade para salvar bancos e credores privados A Comissão de Auditoria da Dívida (A Comissão Verdade) deveria ter sido feita a todos os países endividados da UE, segundo regulamentação imposta em 2013. Nenhum país europeu teve a coragem de a requerer. Porquê? A Grécia fê-lo e as conclusões são interessantes: A primeira constatação é de […]

  • 23:06 | Segunda-feira, 22 de Junho de 2015
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Austeridade para salvar bancos e credores privados
A Comissão de Auditoria da Dívida (A Comissão Verdade) deveria ter sido feita a todos os países endividados da UE, segundo regulamentação imposta em 2013. Nenhum país europeu teve a coragem de a requerer. Porquê? A Grécia fê-lo e as conclusões são interessantes:
A primeira constatação é de que os planos de ajuda do Eurogrupo, FMI, Troika, etc., apenas tinham como objectivo salvar os bancos estrangeiros.
A segunda é de que parte da dívida grega é ilegítima e ilegal. Acrescente-se que esta Comissão foi composta por peritos e representantes da sociedade civil: economistas, juristas, sociólogos, banqueiros…
A maior parte dos empréstimos públicos feitos ao Estado são ilegais pois nunca foram utilizados em benefício da população, mas apenas para salvar os credores privados da Grécia.”
A crise das finanças públicas foi alimentada por um endividamento privado que acabou por implodir.”, lê-se no relatório.
O sobreendividamento das famílias foi favorecido pelo incitamento dos bancos à obtenção de créditos fáceis, sem considerar riscos que deitaram por terra o sistema bancário do país.”, constata o economista internacional, Michel Husson.
Terceiro, o governo de Georges Papandréou juntou, com a plena cumplicidade da Eurostat, elementos não integráveis no cálculo do deficit público. Nomeadamente, grande parte das dívidas bancárias, dramatizando a situação ao revelar, quando foi eleito em Outubro de 2009, que a dívida pública era de 127% do PIB com um deficit de 12%, quando e antes da sua eleição o mesmo a avaliara em 100%, com um deficit público de 6%…
Conclui que Papandréou dramatizou a situação e manipulou os números com um único objectivo, não o de salvar o país, mas sim o de salvar o sistema bancário e os grandes bancos estrangeiros como o BPN, Crédito Agrícola, o ING e o Deutsche Bank. Dramatizar a situação foi um excelente meio para impor as políticas de austeridade, sendo o plano de salvação da Grécia instituído pela CE, pelo BCE e FMI ilegal. Mais, o FMI estava perfeitamente consciente do impasse das políticas de ajustamento, as quais iriam provocar uma quebra das despesas públicas e destruir todas as convenções sociais vigentes.
Um documento secreto do FMI datado de 25 de Março de 2010 é elucidativo: “A terapia imposta à Grécia nunca permitirá ao país renovar o seu crescimento nem permitirá o financiamento nos mercados financeiros internacionais.” e a Troika, em coro trágico, acrescenta: ” Atenas deve aceitar a cura de austeridade!
Ilegal, porque o FMI nunca pode emprestar a um país que não possui a capacidade de pagar. Mas também ilegítimo, pois os direitos humanos do povo grego foram violados por imposições cujas consequências sociais eram consciente e cirurgicamente escalpelizadas no seio do FMI.
Este conjunto de medidas impostas levou a que a dívida pública passasse de 100% do PIB em 2008 para os 177% de hoje e que a produção anual da Grécia caísse 25%, com uma descida do investimento de 23%, entre 2009 e 2013. A taxa de desemprego é de 27%, um em cada dois jovens estando desempregado e sendo a taxa de pobreza de 26% (a média da UE é de 16%).
Alguém falou em VAMPIROS?

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Publicado em Editorial