Atenas – Berlim: um xadrez minado e tanto "fait-divers"

    E na Grécia? Ouve-se tanta coisa… Parece um match de football com adeptos na CS, no jornalismo de opinião, com as claques a torcerem pelas suas cores. Contudo, mérito se conceda independentemente do desfecho final: Tsípras abalou toda a Europa, fez-nos a todos questionar o modelo económico europeu, reflectir sobre quem, afinal, ganha […]

  • 13:15 | Quarta-feira, 11 de Fevereiro de 2015
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E na Grécia? Ouve-se tanta coisa… Parece um match de football com adeptos na CS, no jornalismo de opinião, com as claques a torcerem pelas suas cores. Contudo, mérito se conceda independentemente do desfecho final: Tsípras abalou toda a Europa, fez-nos a todos questionar o modelo económico europeu, reflectir sobre quem, afinal, ganha com a desgraça e a miséria alheias. E aqui, na linha da frente, já para lá da meta, está a Alemanha a fazer jogadas de antecipação para se esquivar ao xeque-mate e ao cair da máscara…
Tsípras está a ser violentamente pressionado, com o BCE e a dupla “Dupont&Dupond” Merkel/Schäuble a jogarem todas as suas cartas. O primeiro-ministro, no passado domingo fez o seu primeiro discurso na Vouli, o parlamento grego, reiterando integralmente as promessas de campanha. Será que as consegue cumprir?
Exactamente o oposto de Coelho… Talvez seja por isso que este tanto hostilize aquele. Coisas de carácter… Coelho toca o bombo da austeridade a qualquer custo. Ainda ontem o ISS deu “guia de marcha” a centenas de funcionários (para “requalificação”, cínico eufemismo) e a venda da TAP tem que estar viabilizada em Junho. Adivinham porquê?
Tsípras tenta pôr em prática reduções reais sobre as gorduras do Estado. E começa com a venda simbólica de 700 viaturas e dos aviões do governo (só o BMW de Papandreou custou 750 mil euros).
Coelho gasta 160 milhões de euros com 13 653 carros e em finais de 2012 renovou a frota com 529 veículos. Só ao seu serviço há 33 carros de Estado. Mas isto são pormenores de lana-caprina… O governo português pensa também renovar seus jactos. É tudo uma questão de estilo.
Mas e já agora a despropósito, difícil mesmo de igualar é o “czar” Putin. Segundo um relatório publicado pela oposição russa, a manutenção das casas, barcos, aviões e seus carros custa ao erário 2 mil milhões de euros/ano. Uma bagatela para 43 jactos, 4 iates com piscinas de hidromassagem, cascatas e adegas de vinhos, um palácio imperial e 20 residências de grande luxo. Cada um com o que pode ou… lhe deixam.
Por seu turno, e passando estas extravagâncias dos Neros de hoje, Varoufakis alerta acerca do Grexit: “O euro é tão frágil quanto um castelo de cartas. Retirada a carta grega as outras vão-se desmoronar”.
E o “tout-puissant” G20 reúne em Istambul (curiosamente a maior cidade Turca, outrora Bizâncio e Constantinopla…). Washington, com as mãos bem sujas, “convida” a um “acordo pragmático” – o que quer que tal seja… talvez uma astuta, sábia e diplomática forma de saírem todos desta salsada de cabeça erguida.
O presidente da Vouli, Konstantopoulou (não são fáceis estes nomes…) reactiva uma comissão para exigir à Alemanha o calote das “reparações de guerra” no total de 163 mil milhões de euros (com 70 anos…). A Alemanha faz-se mouca. E surda se faz também à corrupção descoberta e exercida por duas sociedades alemãs de armamento sobre funcionários gregos.
O que até nos dá um padrão de actuação de algumas empresas teutónicas em países altamente endividados mas sempre claramente receptivos às megalomanias (carros de assalto, submarinos, etc.). Também e ao que consta, a Mercedes Benz, a BMW e a Siemens terão contas a prestar…
Este tabuleiro de xadrez é um autêntico campo de minas. Será que se conseguem evitar ou alguém numa delas?
Siga a roda. As próximas semanas trar-nos-ão as respostas.
 

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Publicado em Editorial