Assassinos sem rosto

  Em conversa com jovens amigos e entre outros temas assaz interessantes – com os mais jovens há sempre muito a aprender – abordou-se o tema “financial killers” e, de seguida, passou-se aos “political killers”. O que são os “financial killers”? Profissionais absurdamente bem remunerados que actuam em diversos países do mundo e que têm […]

  • 14:03 | Terça-feira, 27 de Janeiro de 2015
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Em conversa com jovens amigos e entre outros temas assaz interessantes – com os mais jovens há sempre muito a aprender – abordou-se o tema “financial killers” e, de seguida, passou-se aos “political killers”.
O que são os “financial killers”? Profissionais absurdamente bem remunerados que actuam em diversos países do mundo e que têm como função destruir economias ou partes consideráveis de uma economia que pode estar a pôr em risco interesses globais opacos. Uma possibilidade… Mas não só.
Também os há enquanto responsáveis por políticas financeiras de empresas e pela exploração incontrolável das mesmas, à custa até de vidas humanas. Outra possibilidade… Mas não só.
Os “political killers”, que abordaremos noutra altura, são profissionais altamente capacitados e treinados que surgem, de repente, num país com uma incipiente ou crescente estabilidade democrática, provocando manifs inesperadas, instalando o caos em determinados sectores, nomeadamente informáticos, diabolizando sectores sócio-profissionais, controlando meios de comunicação e gerando uma crescente inquietação e agressividade/tensão social.
Há estudiosos que referem que os “financial killers” são em grande parte oriundos do Banco Mundial e da USAID (US Agency for International Development) desviando imensos fundos de grandes organizações “humanitárias” para contas de grandes companhias e de algumas famílias que controlam os recursos naturais do planeta. Será?
Como agem, ou quais as suas armas? Através da corrupção, de relatórios financeiros fraudulentos, da extorsão, do controle eleitoral, da colocação dos seus “cabeças de turco” nos lugares decisórios e, em casos extremos, do assassínio.
Dois banais exemplos: Jaime Roldós, presidente do Equador e Omar Torrijos, presidente do Panamá, ambos vítimas inesperadas de acidentes de aviação, quando se opuseram clara e frontalmente à coligação de várias companhias com o governo americano e vários banqueiros. A nível caseiro, será um terceiro e plausível exemplo Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa?
A invasão do Panamá, em 1989; a primeira guerra do Golfo; a intervenção norte americana na Somália; a ascensão de Bin Laden, a segunda guerra no Iraque, serão outros banais e triviais exemplos.
Os impérios globais (ou um único império global) parecem mais intriga de filme de ficção científica, mas existe um “mundo” onde há quem “convença” dirigentes de certos países a integrarem uma vasta estrutura a fim de promoverem os interesses comerciais do país x ou y, principalmente em países com imensas dívidas, dando como contrapartidas a criação de centrais eléctricas, aeroportos, grandes centros comerciais, etc. Sabe-se ainda da crescente deslocalização de grandes empresas para países sub desenvolvidos, onde pagam salários de fome a uma mão-de-obra clandestina a trabalhar em condições sub-humanas e desumanas. Foi profusamente referida a existência de sociedades petrolíferas intoxicando deliberadamente rios e florestas tropicais com incontrolável e selvagem libertação de toxinas, exterminando seres humanos, fauna e flora. A indústria farmacêutica e a sua intervenção, nomeadamente em países mais pobres, sul-americanos e africanos, já foi até alvo da escrita do consagrado John Le Carré… Sim, romances policiais, mas com teias tecidas na realidade quotidiana global.
Há números indesmentíveis. Por exemplo: Os USA gastaram mais de 87 biliões de dólares na guerra do Iraque. Segundo dados das UN, com metade desse montante poder-se-ia fornecer água potável e alimentação equilibrada, serviços sanitários e instrução elementar a cada habitante do planeta…
É fácil falar em conspirações à escala mundial. Porém, este monstro insaciável alimenta-se de outra “ração”: a evangelização da ideia de que todo o crescimento económico é benéfico para a humanidade e que, quanto maior for este crescimento maiores são os benefícios/proveitos partilhados. Mais, o fundamento de que toda a sociedade deve “adorar” aqueles que conduzem estas políticas de “crescimento económico” generalizado, explorando todos quantos à margem delas vivam.
E de facto, basta ver um país como a actual e convulsa Síria, um dos 11 países emergentemente mais ricos do globo, onde a riqueza está nas mãos de uma minoria oligárquica (passe a tautologia), para não falarmos em países com os quais mantemos afinidades linguísticas e culturais.
Hoje, em Portugal, é suficiente considerarmos os salários astronómicos de alguns “capi ” da grande indústria/serviços, flops revelados, e a crença obrigatória e instalada da sua deificação, com comendas até, outorgadas pelos mais altos dirigentes da Nação, seguidas de indemnizações escandalosamente imorais… não pela qualidade do seu trabalho em prol do país ou do colectivo, mas sim em prol do sistema que servem.
Se os próprios governos são serventuários dos mercados…
Ademais, as multinacionais, a banca e os governos formam hoje uma “corporatocracia” discretamente bem oleada que utiliza os poderes financeiros e políticos para garantir que as empresas, as escolas e os mass-media sustentam as suas falaciosas teses, visando o reforço, a incrementação e a perpetuação do sistema.
Estes pontos aqui abordados e neste âmbito de um editorial são absoluta e totalmente incipientes. Alguns considerá-los-ão mera paranóia, outros, reflectirão neles e encontrarão nexos de efeito e causa, uma minoria, terá na sua mente e conhecimento muitos casos pontuais consubstanciadores e muito mais abrangentes do ora aqui enunciado.
Tenha um bom dia!

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