Aquilino Ribeiro – 27 de Maio de 1963 – In Memoriam

Todos os aquilinianos cumprem devotamente duas datas da biografia do seu autor: o 13 de Setembro e o 27 de Maio que são as de seu nascimento, em 1885 e de sua morte, em 1963, faz amanhã 57 anos.

  • 14:16 | Terça-feira, 26 de Maio de 2020
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Todos os aquilinianos cumprem devotamente duas datas da biografia do seu autor: o 13 de Setembro e o 27 de Maio que são as de seu nascimento, em 1885 e de sua morte, em 1963, faz amanhã 57 anos.

Neste mês de Maio, em que se deveria apresentar a reedição de “Uma Luz ao Longe”, (1948), com prefácio de Gonçalo M. Tavares. os naturais condicionamentos decorrentes da pandemia que nos assola, ditaram o seu adiamento para Setembro.

São escassos, no panorama nacional e internacional, os escritores que decorridos 107 anos da publicação da primicial obra, “Jardim das Tormentas”, 1913, continuam a ser editados e lidos, não só por parte de um fidelíssimo público, como também por um crescente número de novos leitores, de estudiosos e de investigadores.


Na nossa óptica, há três causas para tal efeito…

A 1ª é naturalmente a genialidade de um escritor que sempre recusou compartimentar-se em estéticas literárias, mantendo-se até ao fim “independente, original, inteiriço como um bárbaro”, livre de quaisquer periodizações espacialmente redutoras, de um escritor que fez do vitalismo seu  mor tributo à literatura, perpassado nos milhares de páginas que nos legou, na mais ampla pluralidade de géneros que vão do conto, à novela, ao romance, à biografia, à etnografia, à história, ao teatro, à hagiografia, ao romance infanto-juvenil, etc., de um escritor que fez da sua vida e obra um modelar exemplo de coerência e de coesão, de um escritor que usa a língua madre como muito poucos, elevando-a a patamares inigualáveis na supina arte de bem escrever.

Em 2º lugar, a fidelidade gerada e porfiada com a Bertrand foi e é determinante nestes 107 anos de muitas edições e reedições da sua obra. Entre os srs. Aillaud, Alves & Bertrand da inaugural publicação de “Jardim das Tormentas” até a esta próxima reedição de “Uma Luz ao Longe”, trilhou-se um longo percurso relacional e criou-se uma história ainda por fazer de inusitada e bilateral lealdade editorial.

Em 3º lugar, a família do escritor, nomeadamente os seus filhos Aníbal e Aquilino e os seus netos, com evidência para Aquilino Machado, que souberam, com acerto, discernimento e criterioso empenho, pugnar pelo relançamento das obras de seu pai e avô.

Desde 2016 até ao presente um outro parceiro se juntou ao êxito desta missão: o município de Sernancelhe, sede do concelho que o viu nascer (Carregal), ao qual se seguiram os municípios de Moimenta da Beira e de Vila Nova de Paiva, co-responsáveis pela reedição de “5 Réis de Gente”, “O Homem da Nave”, “O Malhadinhas” e, conjuntamente com a FAR, Fundação Aquilino Ribeiro, “Terras do Demo”, no passado ano e no seu centenário editorial.

A obra do Mestre serviu assim, não só para recimentar o inter-relacionamento entre estas três autarquias das Terras do Demo, como também para atrair aos três concelhos as vozes mais habilitadas neste mester de falar Aquilino, desde académicos conceituados a ministros da Educação, da Cultura e de Estado.

Também aqui não desmerece uma despretensiosa palavra à revista literária da Câmara Municipal de Sernancelhe, a “aquilino”, ela também uma pródiga ferramenta na arte de manter viva esta mais que secular chama, a qual, em breve e por se ter esgotado, brevemente verá os seus primeiros números reeditados.

Por tudo isto e muito mais que aqui não cabe, façam como eu… leiam AQUILINO RIBEIRO.

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