“A morte saiu à rua num dia assim”

A falta de saúde nunca agradou a ninguém. E se a todos chega, mais asinho apouca os mais velhos.

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  • 19:08 | Quarta-feira, 28 de Outubro de 2020
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Ninguém quer ser velho nem doente.

E se esta asserção é válida para todos os imemoriais tempos, é-o mais nos dias que correm.

O maior número de vítimas da pandemia que assola o mundo são os mais idosos. Faixas etárias de risco acima dos 65 anos, pois com menos defesas e menor imunidade.


A falta de saúde nunca agradou a ninguém. E se a todos chega, mais asinho apouca os mais velhos.

Desde a Antiguidade que o culto do mens sana in corpore sano foi lema e mote da mais aperfeiçoada educação dos jovens. A falta de saúde associa-se à decadência física, e não obstante atacar jovens e velhos, é marca maior da decrepitude e da senescência.

Se as novas tecnologias trouxeram consigo maior esperança de vida e inquestionáveis avanços e invenções para o combate eficaz às mais diversas patologias, o covid 19 veio, de súbito, provar e evidenciar as fragilidades no sector vital que é o da Saúde e a indignidade e indigência concedida aos mais velhos, em muitas casas ditas misericordiosas e eufemisticamente chamadas de lares.

Hospitais entupidos e próximos do colapso, profissionais à beira do burnout, falta de meios materiais como, e para não ir mais longe, testes e vacinas, assim como a nomeação para o terreno de peralvilhos armados em conceituados e eficientes gestores da crise, vieram assustar-nos ainda mais e desejarmos, neste contexto, não ter que dar entrada num hospital.

Acresce o comportamento de risco de milhões de inconscientes e de inscientes. Aqueles porque não conseguem abdicar do glamour intimista de festas e discotecas chiques das urbes, estes, no Portugal mais profundo, ouvindo balir as cabras, ganir os canitos e uivar os lobos, votados ao abandono e ao esquecimento… até dos básicos comportamentos defensivos, de um vírus em vias de chegar às mais remotas aldeias do nosso Portugal.

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