A frieza dos números

Por seu turno, o errático Chega, no seu pendular movimento oscilatório, “marimbando-se” no interesse nacional, somente servindo os seus circunstanciais interesses eleitoralistas, a mais das vezes, espera como podengo à lura, o momento de saltar ao laparoto, deixando o PS na sua solitária encomendação das almas, a pregar sozinho.

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  • 14:13 | Terça-feira, 23 de Dezembro de 2025
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Nas eleições legislativas de 2025, a AD, com 31,21% de votos contra os 22,83% do PS e 22,76% do Chega não teve, nem de perto nem de longe, a maioria que, pelos seus actos e atitudes, arrogância, cegueira e autocracia, pretende fazer de contas que tem.

De facto, com 58,23% de votos num total de 10.820.215 de eleitores inscritos, ou seja, em 6.317.949 votantes, a coligação da AD (PSD, CDS-PP e PPM) granjeou 1.971.558 votos, o PS 1.442.194 votos e o Chega 1.437.881 votos. O que significa que estes três partidos, de per si, tiveram 4.851.633 votos, sobrando 1.466.316 para os restantes 18 partidos, com nulos e brancos incluídos.

Os legítimos e respeitáveis 31,21% de votos conseguidos pela AD, longe de uma maioria absoluta, mereceriam da parte de Luís Montenegro e de seus pares neste XXV Governo Constitucional, uma atitude, se bem que aceitavelmente assertiva, suficientemente cuidadosa para poder gerir esta sua tão oscilante quão frágil e precária posição, uma vez que está sempre, ou nas mãos do Chega ou nas do PS, para poder aprovar os seus projectos e diplomas, ou seja, para governar.


O PS parece ter encolhido com o frio. O seu líder pecando pelo exagero de uma navegação em mar sem procelas, está sempre a jeito para ouvir o que Maomé não disse do toucinho, com reverência, humildade e resignação. Abstendo-se ou votando frequentemente ao lado da AD por invocado e reiterado interesse nacional, quando, no fundo, nada mais faz do que servir-lhe, de frouxo modo, em rutilante e áurea bandeja, os argumentos para constantemente o desdenhar e destratar.

Por seu turno, o errático Chega, no seu pendular movimento oscilatório, “marimbando-se” no interesse nacional, somente servindo os seus circunstanciais interesses eleitoralistas, a mais das vezes, espera como podengo à lura o momento de saltar ao laparoto, deixando o PS na sua solitária encomendação das almas, a pregar sozinho.

Este governo, com ministros que há muito não deveriam inclui-lo, num autismo insolente, pedante e presunçoso, com muita incompetência à mistura – vidé por mero exemplo o trio feminino da Saúde, Trabalho e Administração Interna, ou o duo de ministros Leitão Amaro e Nuno Melo –  continua na corda bamba, mas com uma protectora rede de segurança por baixo, que o titubeante PS estica, num cenário de desorientação, perdido o Norte, num tateante navegar com costa à vista, inócuo para a governança, mas cauteloso quanto baste para evitar um desastroso naufrágio.

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