Nas eleições legislativas de 2025, a AD, com 31,21% de votos contra os 22,83% do PS e 22,76% do Chega não teve, nem de perto nem de longe, a maioria que, pelos seus actos e atitudes, arrogância, cegueira e autocracia, pretende fazer de contas que tem.
De facto, com 58,23% de votos num total de 10.820.215 de eleitores inscritos, ou seja, em 6.317.949 votantes, a coligação da AD (PSD, CDS-PP e PPM) granjeou 1.971.558 votos, o PS 1.442.194 votos e o Chega 1.437.881 votos. O que significa que estes três partidos, de per si, tiveram 4.851.633 votos, sobrando 1.466.316 para os restantes 18 partidos, com nulos e brancos incluídos.
Os legítimos e respeitáveis 31,21% de votos conseguidos pela AD, longe de uma maioria absoluta, mereceriam da parte de Luís Montenegro e de seus pares neste XXV Governo Constitucional, uma atitude, se bem que aceitavelmente assertiva, suficientemente cuidadosa para poder gerir esta sua tão oscilante quão frágil e precária posição, uma vez que está sempre, ou nas mãos do Chega ou nas do PS, para poder aprovar os seus projectos e diplomas, ou seja, para governar.
Por seu turno, o errático Chega, no seu pendular movimento oscilatório, “marimbando-se” no interesse nacional, somente servindo os seus circunstanciais interesses eleitoralistas, a mais das vezes, espera como podengo à lura o momento de saltar ao laparoto, deixando o PS na sua solitária encomendação das almas, a pregar sozinho.
Este governo, com ministros que há muito não deveriam inclui-lo, num autismo insolente, pedante e presunçoso, com muita incompetência à mistura – vidé por mero exemplo o trio feminino da Saúde, Trabalho e Administração Interna, ou o duo de ministros Leitão Amaro e Nuno Melo – continua na corda bamba, mas com uma protectora rede de segurança por baixo, que o titubeante PS estica, num cenário de desorientação, perdido o Norte, num tateante navegar com costa à vista, inócuo para a governança, mas cauteloso quanto baste para evitar um desastroso naufrágio.