A prisão dos presidentes

E é essa esperança, por mais ténue que seja, que nos dá alento e paciência para antever atrás das grades aqueles que, autocrática e despoticamente, apoiados pelas forças policiais repressivas, serão um dia por esses mesmos esbirros detidos, pelos tribunais julgados e nas prisões que mandaram construir encarcerados.

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  • 16:05 | Quinta-feira, 25 de Setembro de 2025
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Neste corrente mês, dois presidentes da república a braços com a Justiça foram condenados ao cumprimento de penas de prisão efectivas.

Jair Bolsonaro, o antecessor de Lula da Silva – que também esteve preso – foi condenado pelo STF do Brasil a uma pena de prisão efectiva de 27 anos e três meses.

Esta semana, o antigo presidente da república francesa entre 2007 e 2012, Nicolas Sarkozy, foi condenado pelo Tribunal Correcional de Paris a cinco anos de prisão, entre outras acusações, por financiamento ilegal da sua campanha presidencial por parte do antigo líder líbio Mouammar Kadhafi, que foi deposto em 2011 e assassinado pelas forças revoltosas.


Sarkozy, advogado de profissão, foi também ministro do Interior, ministro das Finanças e ministro do Orçamento, passando por diversos governos de Chirac, Raffarin, Villepin e Balladour.

Estas detenções, além do efeito punitivo sobre os acusados, têm um valioso efeito simbólico e dissuasor. Provam que, em países democráticos, a Justiça não perdoa os criminosos, sejam eles um qualquer pé-rapado ou um ex-presidente da República.

Tal constatação deve servir de alerta para todos aqueles que prevaricam e se julgam imunes e impunes pelos seus actos.

Ademais, dá-nos esperança de perceber que actuais líderes políticos inquestionavelmente poderosos, no término do seu mandato, poderão vir a ser julgados e condenados como qualquer cidadão comum.

E é essa esperança, por mais ténue que seja, que nos dá alento e paciência para antever atrás das grades aqueles que, autocrática e despoticamente, apoiados pelas forças policiais repressivas, serão um dia por esses mesmos esbirros detidos, pelos tribunais julgados e nas prisões que mandaram construir encarcerados.

 

(Foto DR)

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Publicado em Opinião