Na última sessão das Nações Unidas, entre várias alocuções, destaquemos a de três presidentes:
Dos EUA, Donald Trump, do Brasil, Lula da Silva, de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.
Trump esteve igual a si mesmo. Num discurso de uma hora, gabou os seus feitos, disse e desdisse-se quanto ao âmago da sua inconstante política, mas, essencialmente, serviu-se da mentira, que usa a torto e a esmo para a auto-glorificação, fazendo de quem o ouve parvo, chegando a arrancar gargalhadas dos presentes que, nalguns casos, não as conseguiram conter.
Analistas de todo o mundo, dos EUA inclusive, já fizeram o fat-checking do seu discurso e detectaram quase duas dezenas de alarves e despudoradas “petas”.
Esta é a forma de governar deste autocrático líder conservador, rosto da mais execrável extrema-direita mundial.
Por seu turno, Lula da Silva proferiu um discurso sereno, de verdadeiro estadista, num notável improviso, sem deixar de aludir, sem nomear directamente, às tentativas de interferência de Trump na política económica e na justiça brasileira. Claro que falou na sua língua natal, o português do Brasil.
O resultado final não convenceu. Marcelo quis evidenciar seus dotes e olvidando a sensata discrição pendurou-se linguisticamente no ridículo, mais parecendo o apresentador de um espectáculo de vaudeville e não um líder de um país com História, disperso pelos quatro cantos do globo.
Três líderes, três estilos, com alucinação, serenidade e jactância à mistura, diferenciando-os e evidenciando formas de ver e de estar na política que vão desde a irresponsabilidade à ignorância, desde o consciente agir em prol de um povo até à divisão, ao ódio e ao vazio substantivo, adjectiva e circunstancialmente inchado com arrogância e vacuidades de pantomina.
(Foto DR)