Tal como o sol, a água quando nasce é para todos! (XXXII)

Perante isto, e acredito que com o mesmo sentimento que assaltaria qualquer vulgar cidadão, de revolta e de indignação, a senhora procuradora decidiu abrir uma nova investigação. Fez o que poucos seriam capazes.

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  • 12:00 | Segunda-feira, 05 de Maio de 2025
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CAPÍTULO XXXII

Por mais voltas que lhe deem, uma decisão judicial nunca se livra do cunho do autor, inimputável, mesmo que a tome de boa-fé, o que seria o normal. Mas nem sempre o é! Posso ter andado distraído, mas nunca vi algum cidadão normal, ou normal cidadão, para não levantar inquietudes, dizer “eu acredito na justiça”, a não ser que lhe tenham enfiado um objeto numa parte do corpo menos convencional. Os outros, os não normais, vá-se lá saber porquê, são os que se julgam cidadãos acima de qualquer suspeita, não escrutináveis e os que mais contribuem para a falta de credibilidade do sistema judicial. São os politicamente corretos, os cobardes! Tantas vezes, os fugitivos à justiça…

Ora, desde 2017, passaram-se 8 anos. O que mudou? Depende do ponto de vista; para uns nada mudou, para outros mudou muita coisa. E não é preciso ter memória de elefante, basta ser sério – a justiça, o sistema de justiça, mudou para pior (communi sensu, como se dizia no Império Romano, antes da derrocada).
Nestes tempos mais recentes, assistimos às mais diversas aberrações nas diferentes autoridades judiciais – o Ministério Público, a Instrução e o Tribunal. Ficamos com a sensação de vivermos, ao mesmo tempo, em vários países distintos.


E o pior, como ainda há muito pouco tempo aconteceu, é alguém vir dizer:

– Pois, afinal não era bem assim … afinal, nada havia em concreto … afinal, havia outro que não esse … afinal, o ruído no telemóvel era por causa do apagão … afinal, viver em Gotham City II é normal, desde que o Batman não venha estragar tudo …”

E os danos pessoais? E os danos colaterais? E os danos para a Democracia? Quem responde por isso? NINGUÉM!

Neste estranho caso que envolveu os autarcas da região, o processo caiu, com estrondo, às mãos de uma juíza de instrução!

Qualquer leigo na matéria que tivesse lido, ou que venha a ler, as fundamentações da tentativa para “enterrar” o processo, fica atónito, não pela normal complexidade dos termos, mas pelas nuances, diria que quase esotéricas, da decisão.

Poderia transcrever várias dessas subtilezas, mas bastou uma para me sentir completamente atónito e não menos revoltado:

“No que diz respeito às senhas de presença os mesmos têm direito ao abono de senhas de presença para as reuniões em que participem, na qualidade de membros do CA quer da AMRP, quer da Ecobeirão, bastando tão só a sua presença ou pelo menos que a sua presença conste da acta”!!! E foi assim que nasceu essa tendência das falsas presenças na Assembleia da República.

Eu não como gelados com a testa! E a procuradora neste processo, à época, também não!

Perante isto, e acredito que com o mesmo sentimento que assaltaria qualquer vulgar cidadão, de revolta e de indignação, a senhora procuradora decidiu abrir uma nova investigação. Fez o que poucos seriam capazes.

Vai demorar, sabemos. E serão mais 6 ou 7 anos. À velocidade estonteante a que corre a nossa Justiça, serão precisos mais 6 ou 7 anos desta justiça em que alguns acreditam e que, embora tenham poder, nada fazem para a mudar, porque não lhes convém. É muito lindo dizer que “à justiça o que é da justiça”, mas, e o Povo, pá? E o Povo? O que fica para o Povo?

Esses anos já passaram e uma nova acusação trará outras “aventuras”.

O que aconteceu?

Para os “crentes”, nada. Para os outros, veremos. É isso que, por não acreditar na justiça, irei contar…

 

(CONTINUA)

 

 

 

 

 

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