Abençoada crise

A palavra “crise”, do grego krisis, significava decisão. E tinha também a ver com manifestação violenta de uma doença em pessoa saudável. Hoje, a crise é tudo quanto afectou a nossa economia. Um problema. Uma fase grave ou complicada da vida que afecta uma ou as pessoas. Não gastamos latim em falar da “nossa crise”. […]

  • 18:06 | Quinta-feira, 08 de Outubro de 2015
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A palavra “crise”, do grego krisis, significava decisão. E tinha também a ver com manifestação violenta de uma doença em pessoa saudável.
Hoje, a crise é tudo quanto afectou a nossa economia. Um problema. Uma fase grave ou complicada da vida que afecta uma ou as pessoas.
Não gastamos latim em falar da “nossa crise”. Certo é que muito dela se falou, muito se comentou, bastante se analisou. Porém, quase todos os portugueses a sentiram demasiado nos bolsos para não a conhecerem nos sacrifícios quotidianamente feitos e na austeridade politiqueira dela decorrente.
Algo trouxe, contudo, de benéfico… O retorno à Madre Terra que nunca ao Homem falhou (o contrário também é verdadeiro) e o retomar, vivificar, dinamizar do sector primário.
A agricultura e a pecuária não são mais as enjeitadas dos sistemas produtivos. Pelo contrário, o reganho de interesse por todas as áreas – e são inúmeras – que comporta está a ser potenciado e encarado como solução para uma camada importante da população, de entre os quais uma grande faixa de jovens.
Os métodos tradicionais evoluíram. A tecnologia é adjuvante. Ser um jovem e bem-sucedido empresário agrícola sem se tornar escravo da sua exploração é hoje uma realidade alcançável e desejável para muitos. E uma saída profissional muita digna e economicamente gratificante.
O governo tem vindo a disponibilizar os mais diversos programas com ajudas comunitárias. Só há um factor relevante que deve mudar nas práticas e mentalidades: recusar a “cultura dos subsídios”, expediente votado ao fracasso e abraçar com zelo, rectidão, brio e diligência essa ancestralmente renovada via profissional.
Uma das maiores dificuldades reside no terreno agrícola. Hoje há autarquias e associações atentas a disponibilizar uma “bolsa de terras” para projectos com fundamento. Há autarquias a apoiar materialmente a instalação de jovens casais no seu território. Há incentivos à natalidade. Há, no interior, muita qualidade de vida e um mundo de hipóteses a contrapor à saturação urbana.
Outra dificuldade está na comercialização dos produtos. Aqui, determinante é o papel do ASSOCIATIVISMO, a criação de OP’s (Organizações de Produtores), quer sejam de produtos lácteos, de frutas, de vinhos, de azeite, de ovinos, etc. Há cooperativas agrícola-pecuárias a resolver esse dilema, gerando preços optimizados, entre o produtor e o consumidor, a dar apoio, aconselhamento e acompanhamento das explorações. E fundamentalmente, a esgotar a produção sem perder ou desperdiçar todos os seus possíveis e estruturais componentes.
O leitor já pensou nesta hipótese?
Eu que já não sou novo, cada dia ando mais agradado com esse – quase romântico e adâmico – retorno às origens…
 

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