Almeida Henriques, o autarca da propaganda?

Almeida Henriques, o presidente da Câmara Municipal de Viseu, foi um sofrível secretário de Estado de Passos Coelho. Por isso mesmo dispensável. Não deixou saudades na AIRV. Tão pouco pelos trancos e barrancos por onde passou. É um homem esforçado mas condicionado. Mesmo no domínio empresarial e por onde se alargou não ficaram gratas recordações, […]

  • 0:01 | Sexta-feira, 31 de Janeiro de 2014
  • Ler em 2 minutos

Almeida Henriques, o presidente da Câmara Municipal de Viseu, foi um sofrível secretário de Estado de Passos Coelho. Por isso mesmo dispensável. Não deixou saudades na AIRV. Tão pouco pelos trancos e barrancos por onde passou. É um homem esforçado mas condicionado. Mesmo no domínio empresarial e por onde se alargou não ficaram gratas recordações, em geral.
Mas numa coisa é bom: na propaganda. Parece investir mais na promoção da própria imagem do que em obras para benefício dos munícipes. Tem consigo um tipo “fino” que arrastou da secretaria de estado e que depois foi exonerado pela presidente da Assembleia da República quando descobriu pela comunicação social que o assessor, pago pelos contribuintes, era o assessor de Almeida Henriques na campanha autárquica. Seja lá como for e já toda a gente se esqueceu destas anomalias de carácter e destes truques de “chico esperto”, o homem é profícuo no que faz: promover a imagem do “patrão”.
Hoje, Almeida Henriques, ao que se vê por colunas de opinião e páginas a esmo de diários nacionais, ou não dorme, ou não tem tempo sobrante para gerir a autarquia. Com tanta entrevista… Com tanto cartaz… Com tanta propaganda… Com prosa (ou prosápia?) semanal firmada no CM, agora que fez as pazes com Octávio Ribeiro, após  o intermezzo de Agosto de 2013, quando a indignação falou mais alto que a oportunidade…
Teve sorte, Fernando Ruas deixou-lhe muito dinheiro cobrado aos contribuintes, nos cofres da edilidade.
“Com um olho na cidade e dois na região” é a última manchete deste presidente que o quis ser da CIM mas foi reprovado, e não contente com o chumbo se metamorfoseia e num estalar de dedos se auto designa curador da região. É obra. Tiro-lho o chapéu. No papel e na labieta da boca para fora, na imagem bem gerida, todos os milagres são possíveis…
Havemos de dilucidar isso no Orçamento da Câmara. Havemos de perceber quanto pagamos na promoção da imagem deste autarca que sofre de um narcisismo pouco consentâneo com o alcance dos seus actos. Freud explica estas coisas.
Infelizmente, a oposição gosta que ele goste deles. E já nem falo no CDS/PP que ainda se destaca, falo na esforçada oposição do PS  com seu “sucesso” milimetricamente compreensível.
Sou um leitor atento de Agustina Bessa-Luís que considero a maior escritora portuguesa viva. No seu “Dicionário Imperfeito”, Guimarães Ed., 2008, escreve a propósito da Propaganda:
Tudo é bastante desolador nestas coisas em que a propaganda toma a primeira posição, enquanto que o autêntico discurso dos princípios é mistificado. A honra dos homens não suporta muito ruído.
O que acha o leitor?

Gosto do artigo
Publicado por
Publicado em Editorial