Tanque M4A1 Sherman de 1943 reforça colecção do Museu do Caramulo

Este veterano da Segunda Guerra Mundial aporta em si várias curiosidades, tais como ser o único Sherman em condições de funcionamento em Portugal, assim como ter participado na mini-série “All the Light We Cannot See”, da Netflix, com Aria Mia Loberti, Mark Ruffalo, Louis Hofmann e Hugh Laurie nos principais papéis.

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  • 11:17 | Segunda-feira, 05 de Maio de 2025
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A colecção permanente do Museu do Caramulo recebeu um tanque M4A1 Sherman de 1943, o mais emblemático veículo blindado americano da Segunda Guerra Mundial, que combateu em todas as frentes das forças aliadas e que representa um símbolo da liberdade e do poderio industrial e militar dos Estados Unidos neste período histórico.

O M4A1 Sherman vem reforçar o núcleo do Museu do Caramulo dedicado à Segunda Guerra Mundial, sendo igualmente a primeira de diversas aquisições que o museu tem vindo a concretizar no último ano com vista à realização de uma grande exposição imersiva, sem precedentes em Portugal, que irá assinalar os 80 anos sobre o final do maior conflito da história.

Este veterano da Segunda Guerra Mundial aporta em si várias curiosidades, tais como ser o único Sherman em condições de funcionamento em Portugal, assim como ter participado na mini-série “All the Light We Cannot See”, da Netflix, com Aria Mia Loberti, Mark Ruffalo, Louis Hofmann e Hugh Laurie nos principais papéis.


 

Sobre o M4A1 Sherman

 

Após a entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial, foi lançado um ambicioso programa de reequipamento do exército, com especial foco nas forças blindadas. O primeiro resultado foi o tanque médio M3 (“Lee” para os americanos e “Grant” para os britânicos) que, apesar da boa blindagem, mobilidade e potência de fogo, apresentava importantes limitações, como a silhueta elevada e a arma principal de 75 mm montada no casco (e que obrigava a girar o carro para apontar a arma). A experiência da Blitzkrieg levou à evolução deste modelo, surgindo assim o M4, que incorporava uma torre giratória para a arma principal e mantinha muitos elementos do M3, como a suspensão, transmissão e motor. Este era o Wright R-975 Whirlwind, radial de origem aeronáutica, que permitia 400cv, mas implicava um consumo elevado.

 

As primeiras versões do M4 – M4 (casco soldado) e M4A1 (casco fundido) – foram seguidas pelo M4A2, com dois motores Detroit Diesel, mais adequados à logística por parte dos soviéticos. A estreia em combate ocorreu em El Alamein (1942), onde os Sherman demonstraram superioridade face aos blindados do Eixo. No entanto, após a chegada à Tunísia na Operação Torch, os americanos enfrentaram os Panzer IV de cano longo e os Tiger I, sofrendo perdas consideráveis. Apesar disso, o M4 afirmou-se como o principal tanque aliado em 1943, sendo largamente utilizado nas campanhas da Sicília e Itália, com cerca de 2000 unidades produzidas por mês, e amplamente distribuídas por entre os exércitos aliados.

O verdadeiro teste surgiu com o desembarque na Normandia, onde os Sherman enfrentaram tanques alemães tecnologicamente superiores. Os britânicos responderam com o eficaz Firefly, e os americanos introduziram gradualmente versões com peças de 76 mm. A vitória global dos Sherman não se deveria propriamente à sua superioridade técnica, mas antes à combinação de fiabilidade mecânica com a facilidade de produção em massa, devidamente acompanhadas de um apoio aéreo eficaz.

Mais do que um veículo de combate, o M4 Sherman tornou-se um símbolo da capacidade industrial aliada e da estratégia da guerra moderna, sendo produzido em quase 50 mil exemplares, e com uma janela de operação que perdurou até ao final do século XX em múltiplos teatros de guerra, o que lhe assegura um lugar de destaque na história da tecnologia militar.

 

 

Fotos Daniel Peres

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