Projeto europeu junta instituições de 9 países para promover a saúde mental de crianças oriundas de famílias vulneráveis

A primeira etapa de implementação do “Let’s Talk About Children” vai centrar-se na auscultação das entidades que prestam apoio a famílias em situações de vulnerabilidade (como escolas, autarquias, serviços de saúde e associações) «de forma a identificar e a avaliar as respostas existentes, bem como as suas limitações e dificuldades», avança Joaquim Cerejeira.

  • 10:15 | Terça-feira, 14 de Março de 2023
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A Universidade de Coimbra (UC) coordena em Portugal o projeto europeu “Let’s Talk About Children” que pretende promover a saúde mental de crianças oriundas de contextos familiares vulneráveis, como, por exemplo, famílias em que há casos de doença mental, carências económicas ou dificuldades na integração social.

O “Let’s Talk About Children” vai envolver professores e outros profissionais da educação e da saúde para que possam adquirir novas competências para trabalhar com as famílias em prol do bem-estar das crianças.

Coordenado pela Universidade de Turku (Finlândia), o projeto foi financiado pela Comissão Europeia com cerca de 3 milhões de euros no âmbito do programa EU4Health, que apoia projetos que respondem a desafios na área da saúde. Vai estar em curso até 2025, envolvendo 11 instituições oriundas de 9 países (Finlândia, Portugal, Chéquia, Bélgica, Itália, Estónia, Grécia, Polónia e Roménia). Em Portugal conta também com a participação do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).

A intervenção que vai ser implementada baseia-se na metodologia que dá nome ao projeto, “Let’s Talk About Children”, «uma intervenção psicossocial criada na Finlândia, pela psiquiatra Tytti Solantus, baseada na evidência, centrada na criança e na família, cujo objetivo principal é a promoção da saúde mental das crianças, bem como a prevenção da transmissão intergeracional de problemas de saúde mental», contextualiza o docente da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), especialista em psiquiatria e coordenador do projeto em Portugal, Joaquim Cerejeira.


«Esta metodologia contempla o treino de profissionais que lidam com famílias para que possam adquirir competências específicas, que serão fundamentais para que reconheçam precocemente as necessidades psicossociais das crianças e das suas famílias», explica o coordenador do projeto em Portugal.

A primeira etapa de implementação do “Let’s Talk About Children” vai centrar-se na auscultação das entidades que prestam apoio a famílias em situações de vulnerabilidade (como escolas, autarquias, serviços de saúde e associações) «de forma a identificar e a avaliar as respostas existentes, bem como as suas limitações e dificuldades», avança Joaquim Cerejeira.

Após a fase de auscultação, vai ter início a capacitação dos profissionais que lidam com as famílias e com as crianças nos contextos educativo e da saúde. Este treino vai potenciar a aquisição de metodologias para que os profissionais «possam reconhecer precocemente famílias em situação de vulnerabilidade e, através de intervenções multidisciplinares, promover as competências parentais, o desenvolvimento psicossocial das crianças e a saúde mental de toda a família».

No contexto nacional, o “Let’s Talk About Children” vai ser implementado em escolas de 1.º e 2.º ciclos da região de Coimbra e em serviços de psiquiatria e saúde mental para crianças e adultos a nível nacional. O trabalho de auscultação está já em curso e a fase de capacitação de profissionais de saúde vai arrancar em junho de 2023. A apresentação pública do projeto vai decorrer em Coimbra durante o simpósio “Vamos falar sobre crianças”, que vai acontecer no início de junho na Universidade de Coimbra.

Em Portugal, além de Joaquim Cerejeira, participam no projeto a investigadora da Faculdade de Medicina da UC e do Instituto de Investigação Clínica e Biomédica de Coimbra (iCBR), Ana Paula Silva; a docente da FMUC e especialista em pediatria, Fernanda Rodrigues; a psiquiatra Tânia Vieira da Silva, que lidera a equipa do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra; e as pedopsiquiatras Maria Laureano e Sara Pedroso.

 

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