O Bloco de Esquerda lamenta o encerramento das seis salas dos Cinemas NOS do Fórum Viseu, noticiado pelo Diário de Viseu.
Cinema: Quando o país cresce, Viseu diminui
Pelo país multiplicam-se bons exemplos: o Cinema Avenida, em Coimbra; o Cinema Ideal, em Lisboa; ou o Batalha Cinema e o Cinema Trindade, no Porto. Todas estas salas independentes beneficiam do apoio e investimento dos respetivos municípios, revitalizando os centros urbanos, formando novos públicos e recuperando espectadores que outrora enchiam as salas de cinema.
No Porto, a Câmara Municipal prepara ainda a reabertura, em 2027, do Cine-Teatro Vale Formoso — um espaço que esteve abandonado durante anos e chegou a ser ocupado pela Igreja Reino de Deus. Hoje, está projetado para se tornar num espaço de espetáculos multifuncional: com cinema, concertos e exposições.
Bloco exige intervenção da Câmara: Cinema Ícaro deve ser devolvido à cidade
Em Viseu, em 2019, o movimento de cidadãos em defesa do Ícaro, que recolheu mais de 1200 assinaturas, exigiu ao Município a aquisição e preservação da sala, devolvendo-a à cidade. Contudo, o então presidente Almeida Henriques desvalorizou a reabertura, afirmando em entrevista à TSF: “Viseu tem 14 salas de cinema e, portanto, não será por falta de salas que o Ícaro é importante”.
O Bloco, que apoiou esta luta, lamenta que Viseu continue sem uma sala de cinema independente. Considera que o Ícaro, pelas suas características, localização e simbolismo histórico, deveria ficar disponível para o Cine Clube de Viseu (CCV) de forma a acolher as suas sessões regulares, mas também aberto a outros agentes culturais. Com cerca de 170 lugares, em pleno centro da cidade, o Ícaro seria um espaço cultural capaz de colmatar as necessidades da população viseense, como a falta de espaços culturais em Viseu, e devolver o cinema independente ao coração da cidade.
O Município de Viseu tem o dever de garantir o acesso à cultura cinematográfica na região. Se o setor privado não assegura essa oferta, cabe à Câmara, enquanto agente público, assumir essa responsabilidade. Nesse sentido, o Bloco defende que o espaço do Cinema Ícaro deve ser adquirido pelo Município e devolvido à cidade, à sua população e aos seus agentes culturais.