Bioengenharia avança na preservação dos ovários e regeneração do útero de sobreviventes de cancro

O endométrio, como camada interna do útero, é muito importante no processo de fertilidade, pois a cada ciclo menstrual fica mais espesso e adapta-se para que o embrião se possa implantar e a gravidez se desenvolva.

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  • 12:43 | Quarta-feira, 29 de Outubro de 2025
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A criação de réplicas de tecidos em laboratório está a transformar a investigação reprodutiva e a abrir novas janelas de esperança a mulheres inférteis, com alterações ou danos nos ovários e útero, incluindo os causados por tratamentos oncológicos.

No 81.º Congresso da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, que termina hoje, investigadores de Valência, Espanha, apresentaram dois trabalhos científicos que mostram como a bioengenharia está a revolucionar a saúde feminina, em particular a preservação da fertilidade e a regeneração dos tecidos essenciais para uma gravidez sem complicações.

O primeiro estudo mostra que réplicas de ovários humanos podem ser geradas a partir de tecido criopreservado doado por pacientes que preservaram a fertilidade antes dos tratamentos oncológicos. Estes modelos reproduzem a forma e a função dos ovários, permitindo estudar a sua fisiologia, testar a toxicidade de medicamentos e desenvolver terapias personalizadas para restaurar a fertilidade de mulheres com danos nos ovários.


O desenvolvimento destas réplicas de tecidos em laboratório representa um avanço importante na investigação reprodutiva e impulsiona a inovação em terapias regenerativas e na medicina personalizada em fertilidade feminina, como explica Irene Cervelló, investigadora principal do estudo desenvolvido no Instituto de Investigação em Saúde do Hospital La Fé (IIS La Fe), um organismo que integra várias instituições universitárias e científicas de Valência e a Fundação IVI.

O segundo trabalho do mesmo grupo de investigadores centrou-se nas réplicas de endométrio, combinadas com hidrogéis especiais que simulam a matriz extracelular. Testadas em animais, estas réplicas aumentaram a espessura do endométrio, estimularam a formação de glândulas e vasos sanguíneos, reduziram a fibrose e a morte celular, aproximando a estrutura e função do tecido do padrão saudável. Esta abordagem abre novas possibilidades para tratar condições como síndrome de Asherman, endométrio fino ou atrofia endometrial, problemas que frequentemente provocam infertilidade.

O endométrio, como camada interna do útero, é muito importante no processo de fertilidade, pois a cada ciclo menstrual fica mais espesso e adapta-se para que o embrião se possa implantar e a gravidez se desenvolva”, sublinha Irene Cervelló.

A investigadora da Fundação IVI acrescenta ainda que “estes avanços permitem criar modelos funcionais de ovário e útero, testar terapias de forma personalizada e oferecer novas soluções a muitas mulheres com problemas reprodutivos”.

Para Sofia Nunes, diretora do Laboratório de Fertilização In-Vitro do IVI Lisboa, os resultados apresentados são promissores e reforçam uma visão mais ampla sobre o futuro da medicina reprodutiva.

 

 

Na sua opinião, a capacidade de regenerar tecidos essenciais da fertilidade representa não apenas uma oportunidade para restaurar a função reprodutiva, mas também um avanço na forma como compreendemos e tratamos as condições que afetam ovários e útero. “Estes modelos em laboratório permitem-nos antecipar tratamentos personalizados e são uma esperança para mulheres que, até agora, enfrentavam limitações significativas na sua fertilidade”, conclui.

Sobre o IVI – RMANJ​
O IVI nasceu em Espanha, no ano de 1990, como a primeira instituição médica especializada integralmente em Reprodução Assistida. Desde então, já ajudou mais de 250.000 crianças a nascer, graças à aplicação das mais recentes tecnologias. No início de 2017, o IVI fundiu-se com a RMA, tornando-se o maior grupo de reprodução assistida do mundo. Atualmente, possui mais de 80 clínicas e 7 centros de investigação e é líder em medicina reprodutiva. www.ivi.pt – www.rmanetwork.com.

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