Há circuitos que nos recebem como uma casa antiga, onde cada curva é lembrança. E depois há pistas como Arteixo, um território desconhecido, todo em terra, onde o piso muda a cada volta e onde os pilotos descobrem o seu verdadeiro reflexo. Neste fim de semana, no mítico traçado galego, Alexandre Borges enfrentou precisamente esse tipo de desafio e fê-lo com a determinação e a classe competitiva que o distinguem entre os grandes do kartcross.
Desde o primeiro contacto com a pista, um ambiente totalmente diferente do piso misto do campeonato português, o piloto nelense mostrou a sua capacidade de adaptação. Reajustou o setup manga após manga, afinando o chassi ao ritmo de uma pista que não perdoa hesitações. O esforço deu frutos logo na tarde de domingo, quando assinou um extraordinário 7º tempo na SuperPole, entre mais de 50 participantes, muitos deles habituados ao traçado galego como se fosse um velho amigo.
Era o momento mais aguardado. A recompensa de um fim de semana de aprendizagem acelerada, de garra e de leitura fina de um circuito novo. Mas o desporto tem destas ironias, logo no início da Final, num gancho apertado e caótico, um piloto à sua frente travou mais do que o esperado e o toque foi inevitável. O impacto danificou o triângulo da direção, deixando o kartcross praticamente ingovernável.
E talvez seja esse o verdadeiro significado desta participação. Não um número, mas uma demonstração. Uma demonstração de adaptação, numa pista onde nada era familiar. De competitividade, ao colocar-se dentro do top-10 num pelotão de elite e de espírito de corrida, ao transformar adversidade em determinação até ao fim.
Agora é tempo de fechar a época e pensar como será em 2026!