VISEU & VINHO

    Este ano, vivi a Festa das Vindimas com maior intensidade. No sábado à tarde fui com um grupo de amigos visitar a Quinta das Escadinhas, local onde nascem os vinhos “Quinta da Falorca”, fundada há mais de cinco gerações pela família Costa Barros de Figueiredo. Equipados com roupas e calçados confortáveis, lá fomos […]

  • 8:53 | Sexta-feira, 25 de Setembro de 2015
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Este ano, vivi a Festa das Vindimas com maior intensidade. No sábado à tarde fui com um grupo de amigos visitar a Quinta das Escadinhas, local onde nascem os vinhos “Quinta da Falorca”, fundada há mais de cinco gerações pela família Costa Barros de Figueiredo.


Equipados com roupas e calçados confortáveis, lá fomos de autocarro até Silgueiros, onde nos esperava o dono da quinta. De tesoura na mão, fomos conduzidos à vinha, a poucos metros da adega. Mãos à obra, após breves indicações, vindimámos várias carreiras de videiras onde pontificavam as uvas da casta tinta Touriga Nacional.

As lembranças sucederam-se a um ritmo frenético. Uma reminiscência dos muitos dias de criança dedicados às vindimas nas vinhas de Martim Joanes, Vilar, Cadaval, Bombarral, na Quinta do Gradil, Quinta dos Loridos…

Talvez tivesse oito ou nove anos e recordo-me que comprei, com o primeiro “ordenado” da minha vida, um jogo Monopoly…

Recordei as vindimas realizadas, mais tarde em Viseu, com os meus avós. Com saudade, narrei a história de alguns “mitos rurais” relacionados com o vinho. O meu avô dizia que as senhoras não podiam entrar na adega se estivessem menstruadas, pois o vinho poder-se-ia estragar. Também madrasta dos vinhos era a trovoada, acusada de estragar muitos almudes de vinho. Lembro-me que eram colocados vários quilos de açúcar amarelo no lagar para dar grau ao vinho, resultante de castas de pouca qualidade. Vindimar, esmagar, desengaçar, pisar, apertar e sangrar são tarefas que me são bastante familiares.

Visitámos a adega e a sala de prova. Provámos o magnífico néctar que regou um maravilhoso lanche à moda antiga. À sombra das árvores, degustámos produtos de qualidade superior: morcela, chouriça, queijo, feijoada, bacalhau frito, carapauzinhos, broa, aletria, pão de ló, sonhos… Uma tarde que quero repetir. Gostei!

No domingo, estive no Mercado 02 de Maio e tive a oportunidade de fazer algumas provas de bons vinhos do Dão. Estive à conversa com amigos e ouvi boa música num ambiente agradável que beneficiou de uma temperatura amena.

O Dão parece querer renascer das “borras” de adegas cooperativas falidas…

O Município deu o mote que faltava para dar “corpo” ao bom trabalho que muitos produtores têm realizado na última década, beneficiando da competência técnica de enólogos de qualidade.

Não nos esqueçamos que a marca Dão está associada à criação da RDD, a segunda região vitivinícola a ser demarcada em Portugal. Só nos levou a dianteira a região do Douro e temos assistido à glória e mediatismo do Alentejo, distinguida como a melhor região vinícola do mundo para visitar.

O grande salto qualitativo dos vinhos do Dão estará  associado ao surgimento de quintas produtoras de vinho e da especialização e modernização da produção e das adegas.

A região do Dão tem um grande potencial que poderá beneficiar significativamente da criação da Rota dos Vinhos do Dão. O enoturismo é um filão que parece despontar na região. A alegria e emoção que um casal de Lisboa tinha estampado nos rosto poderiam resultar num selo de qualidade ou num bonito postal ilustrado.

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Publicado em Opinião