Nas últimas eleições Legislativas de 2025 para o Concelho de Viseu, a AD (PSD+CDS) venceu com 40,74 % (24.445); Chega foi a segunda força com cerca de 22,23 % (13.340), e o PS ficou em terceiro com 21,50 % (12.898).
Já nas Autárquicas o PS venceu a Câmara Municipal de Viseu com 42,28 % (24.095), o PSD teve 40,88 % (23.296) dos votos, e o Chega 8,53 % com 4.859 votos.
Verificou-se um enorme aumento do PS com mais 11.197 votos, tirados não só ao PSD (-1.149) como também ao Chega (-8.481). Mas o que estes números significam e nos querem dizer? Em que se traduzem estes resultados?
Acima de tudo tais resultados da vitória do PS e do João Azevedo nestas autárquicas sugerem que a população de Viseu votou no desejo de renovação local, com o eleitorado a parecer disposto a dar espaço a alternativas.
Este desfasamento entre resultado nacional e local sugere que a fidelidade partidária é mais permeável a fatores de contexto, liderança e avaliação de desempenho autárquico do que à ideologia e ao partidarismo.
Surgiu uma oportunidade para a mudança que o PS capitalizou. Isso parece ter sido influenciado por questões de insatisfação específica com a gestão do executivo de Fernando Ruas, até porque ainda há bem pouco tempo o PSD tinha vencido em Viseu nas eleições legislativas.
O PS venceu, mas sem maioria absoluta. Isso significa que vai depender de negociar com outros partidos e/ou vereadores para aprovar orçamentos, regulamentos, etc.
Este resultado eleitoral significa também que Fernando Ruas e o PSD parecem ter subestimado o potencial de desgaste, bem como ignorado novas necessidades locais, enquanto insistiam no desprezo de velhas reivindicações sociais. Isso indica que por mais hegemonia histórica que um partido tenha, corre sempre o risco de se acomodar e perder ligação com eleitores e militantes do partido. Para o PSD, o resultado constitui um sinal de alerta quanto à necessidade de renovação interna e de reaproximação ao eleitorado.
Vencer foi um passo importante para o PS e para João Azevedo. O primeiro. mas governar será um desafio, especialmente um desafio em manter coesão interna e responder às expectativas que se criaram no eleitorado e na sociedade com a promessa de mudança.
Para João Azevedo e a sua equipa manter e aumentar este resultado, terá somente de governar bem agora, demonstrar competência local, para que o voto de confiança se consolide e até aumente no curto prazo.
Mas é preciso arrumar a casa. Desinfectar e descontaminar.
Pedro Esteves