Ventura já manda em Montenegro?

Ventura referiu estar a congeminar um “governo sombra”. Não precisa, já  assumiu essa função como primeiro-ministro sombra, mas mais grave do que essa assunção é o óbvio “agachamento” de Montenegro aos seus desideratos.

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  • 16:25 | Quinta-feira, 24 de Julho de 2025
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Hoje soube-se que o governo nomeara para presidente do Banco de Portugal, Álvaro de Santos Pereira.

Não se lhe põe em causa a competência nem a capacidade para o exercício do cargo.

Há poucos dias, Montenegro, nos seus ziguezagues de circunstância, afirmou aos jornalistas que a “decisão do Governo pode ser reconduzir o actual governador”, mais admitindo “Centeno reúne todos os requisitos”.


E tal, independentemente da instituída tradição de manter o governador por dois mandatos. Como aconteceu, por exemplo, com o anterior, Carlos Costa, indicado por Passos Coelho e reconduzido por António Costa.

Entretanto, André Ventura – cada vez mais alter ego de Luís Montenegro – veio no seu hábito anelante e exaltado declarar:

“O Mário Centeno vai sair, provavelmente amanhã do Banco de Portugal. O tal que era ministro das Finanças e deixou de ser para ser governador de uma entidade independente chamada Banco de Portugal. Vejam a independência. Ali ficou, pela mão do PS e ali se manteve já com o Governo do PSD.”

Antes disso houvera dito, decisivo e terminante:

“Há um quadro parlamentar diferente em que há uma maioria composta pelo PSD, pelo Chega e pelo Partido Socialista, e que as nomeações para cargos importantes no Estado devem merecer algum consenso nacional”, mais acrescentando:

Nós tivemos oito anos de tachos do PS, oito anos em que as pessoas saíam do Governo e iam para um tacho numa entidade reguladora, no Banco de Portugal, numa entidade qualquer. Eu quero acreditar que esse tempo chegou ao fim. Ao renomearmos pessoas como Mário Centeno, nós estamos a dizer que esse tempo continua, e que esse tempo se mantém“, concluindo que a recondução de Mário Centeno no cargo “é um erro político e uma cedência ao PS“.

Perante os factos, poucas dúvidas restam de que Montenegro, intimidado e para não colidir com o seu novo aliado, cedeu à sua pressão.

Ventura referiu estar a congeminar um “governo sombra”. Não precisa, já  assumiu essa função como primeiro-ministro sombra, mas mais grave do que essa assunção é o óbvio “agachamento” de Montenegro aos seus desideratos.

O resto… bem, o resto é um mero teatro de sombras, com as cedências de Montenegro, o tal do coerente e consistente “não é não” aos desígnios da extrema-direita populista da qual, afinal, parece estar muito próximo… senão refém.

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Publicado em Opinião