Uma carta a São Valentim

O meu coração agradece-lhe, e fica amarrado de emoção ao saber que por ter feito tal desfeita, ao senhor poderoso, que afinal não era Deus, foi preso e condenado à morte. Mas, tal como os enamorados da sua época, eu atiraria cartas e flores junto à sua cela, para lhe demonstrar que acredito no AMOR.

Tópico(s) Artigo

  • 20:39 | Segunda-feira, 14 de Fevereiro de 2022
  • Ler em 2 minutos

Envio esta carta para Roma, com intuito que chegue até si. Vai em direção à Basílica de Santa Maria, em Cosmedin, que abriga a torre mais alta da cidade, a torre sineira, que se vê de qualquer lugar, dada a sua imponência.

Acredito que tenha poderes para conseguir resgatar, estas humildes letras e consiga uma tradução ao seu jeito. Afinal, o senhor é prova de que, se deve acreditar no amor.

Para quem não conhece a sua história e espera pelo dia 14 de fevereiro, para comemorar uma relação que deveria ser celebrada a cada dia, deixe-me agradecer-lhe, pelo facto de ter realizado vários casamentos, mesmo com a proibição do Imperador Claúdio II.

Como é bom estar no século XXI e perceber que um bispo romano, no caso o senhor, foi contra as ordens de um imperador, que queria os homens para aumentar o seu exército, e que acreditava que se casassem seria mais difícil alistarem-se, e em segredo celebrava o matrimónio.


O meu coração agradece-lhe, e fica amarrado de emoção ao saber que por ter feito tal desfeita, ao senhor poderoso, que afinal não era Deus, foi preso e condenado à morte. Mas, tal como os enamorados da sua época, eu atiraria cartas e flores junto à sua cela, para lhe demonstrar que acredito no AMOR.

Claro, que eu não tocaria a sua alma, como fez Artériaus, a filha do carcereiro, que sendo invisual conseguiu vê-lo como nenhuma outra mulher. Dizem que o seu amor por ela a curou, e eu acredito. E que a sua carta de despedida foi assinada de “seu” Valentim, o que torna a causa do amor mais verídica, sincera e trágica.

Não me conformo que o tenham, a si, São Valentim, condenado à morte, e mais ainda o facto de ter sido, decapitado, num dia 14 de fevereiro.

A partir de agora, vou celebrá-lo neste dia e não ao namoro. Porque, afinal, quem deu a vida por esta causa, merece ser maior do que a mesma.

Vou apanhar uma flor, e colocá-la no parapeito em sua homenagem. Saberá que o fiz, porque da janela do céu, tudo se vê. Confirme.

Não servirão essas pétalas para adornar o seu crânio, no pórtico de entrada, onde à varanda, está a Boca Della Veritá, construída no século XII.  Um tesouro, um relicário de cristal, que guarda o seu crânio.

Até poderia ser que aquelas ossadas não fossem suas, mas sim da Frida Kahlo, dado os adornos florais, contudo enviaria esta missiva, na certeza que ela lhe passaria a palavra.

E por fim, permita-me a ousadia e vire a cidade de ROMA. Ao ler de trás para a frente saberá o que significa, para nós, em bom português.

 

Gosto do artigo
Palavras-chave
Publicado por