CAPÍTULO XXXVI
Perguntarão os que leem, mas também os outros – afinal, onde anda a água? Naturalmente, uma preocupação lógica, por causa desta derivação narrativa, mas que se justifica.
Há uns tempos, talvez uns quatro anos, numa reunião da câmara municipal de Tondela, enquanto vereador na oposição, note-se que sem qualquer pelouro atribuído, à volta de uma mesa com 8 assentos, a propósito de uma discussão sobre o associativismo cá da terra, disse para presidente:
– Se quiser reunir com os dirigentes de todas as associações cá do burgo, terão todos lugar sentados nesta mesa!
– Mas como assim? – perguntou.
– É que as associações são muitas, mas as caras são poucas e sempre as mesmas. Cada uma representa, em simultâneo, umas tantas associações. A dificuldade será, se questionados, saberem de qual delas estão aqui em representação! Isto porque, na sua grande parte, não escolhem os melhores, mas os que estão “mais a jeito” …
Até poderia ser uma caricatura, mas não é!
Em Tondela, talvez como em outras cidades, noutros concelhos, se passe coisa semelhante, mas prefiro falar do que conheço.
Ora, o mesmo acontece com o nosso assunto. Tudo começou com um concurso público, há quase 3 décadas, para concessionar a distribuição de água, lembram-se?
A AMRPB, associação de 19 municípios, constitui-se competente para tratar da água, escolhendo um Conselho Executivo “local”. Temos a ADICES, a CIM VDL, a Ecobeirão, a área concessionada da Águas do Planalto, a recente AINTAR e outras que tais. Ora, quem representa os municípios são os presidentes que, para o bom, vão, para o menos bom, mandam alguém ir. Assim fica tudo em igualdade de fotos, que encherão os cartazes da propaganda a cada quadriénio do calendário eleitoral.
Depois, acontece como nas pandemias – esta gente faz manobras em tantos lugares diferentes e ao mesmo tempo, que aumenta o risco de contaminação dos sistemas e a dificuldade acrescida para adquirir imunidade de grupo. Quando os cuidados são poucos, é isto!
De uma coisa tenho (quase) certeza – se a água não fosse tão cara, todas estas habilidades passariam despercebidas, seguramente nunca viriam à tona, mas há males que vêm por bem.
E porquê tanta conversa?
Na verdade, porque estamos à espera de que a senhora juíza de instrução se pronuncie sobre o 2.º ato da investigação, conscientes das suas dificuldades, com tantas contas para fazer e com as máquinas de calcular avariadas por causa do apagão! Mas já está quase…
Dando ouvidos à “vox populi”, já que as fontes só servem para brotar água e matar a sede aos “passeantes”, há quem garanta que “rebéubéu pardais ao ninho”, a Constituição da República p’ráqui e a Constituição da República p’rácolá, servirá de alibi perfeito…
(CONTINUA)