CAPÍTULO XXXIII
Um longo tempo, mas que passou a correr. Talvez por culpa da pandemia. Assim, com data de 12 de abril de 2024, a Procuradora nomeada para o efeito, declarou encerrado este segundo Inquérito.
A dois dos arguidos foi extinto o respetivo procedimento, porque a morte apaga as suas responsabilidades criminais. Mas outros “nasceram” e uma terceira entidade entrou na berlinda da investigação … e com apresentação de resultados surpreendentes, ou talvez não! Provavelmente, o sistema estava viciado …
Comecemos por lado qualquer, não necessariamente pelo início. Da leitura da nova acusação:
“…entre 18 de junho de 2009 e 2 de junho de 2016, o arguido “Tal e Coiso” percorreu no veículo que lhe foi atribuído, o Renault Mégane com a matrícula 30-29-VC, 45.257 quilómetros, sendo que os cartões Galp Frota associados à viatura foram responsáveis pelo abastecimento de 22.453,87 litros de gasóleo, o que cotejado com os quilómetros percorridos, perfaz o consumo de 49,6 l/100 km!
Será que no Vale da Margunda construíram algum autódromo para testes da carros de Fórmula I? Ou será defeito do depósito? O fabricante diz que lá cabem 60, mas de uma só vezada levou com 70 litros. Ah valente! Ou o depósito engordou ou os litros emagreceram.
Isto não é caricatura, mas tão somente o que consta em algumas das 200 páginas desta segunda acusação.
Esta nova e mais incisiva versão dos acontecimentos, a cuja investigação se depararam dificuldades acrescidas porque, segundo se consta, terão desaparecido documentos originais desde então, seguramente não pelo incêndio de 2017, apesar da gravidade com que esse atingiu o “aterro sanitário”, causando-lhe prejuízos de milhões de euros, o que traz de novo?
Temos que, afinal, o CE – Conselho Executivo (a que a investigação chama CA – Conselho de Administração), reunia ordinariamente, não quatro, mas UMA vez por mês! Por isso, e por interpretação, quanto a mim, enviesada e abusiva da Lei, porque estavam em representação do município, a acusação até admite que “exerciam a função a título gratuito, mas com direito a senhas de presença, ajudas de custo e subsídios de transporte, em termos idênticos aos definidos para os membros da Assembleia Municipal”.
Era como se fosse uma permanente Festa do Bodo.
Para quem não sabe, a Festa do Bodo realiza-se anualmente, no último domingo de julho, precisamente no Barreiro de Besteiros, freguesia de acolhimento da sede da AMRPB, no Vale da Margunda. Uns (alguns) levam a comida, mas todos comem!
Certamente devido a um erro logístico, na AMRPB todos pagávamos e continuamos a pagar, mas só alguns “comiam”! E muito …
(CONTINUA)
(Foto meramente ilustrativa com DR)