CAPÍTULO XLIII
O quadro apresentado mostra-nos a evolução das tarifas ao longo dos últimos 6 anos: do aluguer do contador, habilidosamente rebatizado pelos operadores de água, eletricidade e gás natural – chamam-lhe Taxa de Disponibilidade – e dos escalões para um consumo de 15 metros cúbicos de água/mês, abrangendo a quase totalidade dos clientes domésticos do território abastecido pela Águas do Planalto (AP).
Como já chamei a atenção, no contrato inicial, o 2.º escalão, e como acontece na maioria dos sistemas de abastecimento, abrangia volumes entre os 5 e 15 m3, como recomenda a ERSAR, mas que nunca fez cumprir. A partir da adenda de 2008, os 3 primeiros escalões dividem-se em parcelas iguais de 5m3 os primeiros dois e, a partir daí, em 10 metros cúbicos de consumo. Este “pormaior” é um dos principais responsáveis pelo enorme aumento que suportamos desde 2010 – contas feitas, os terceiros 5 metros cúbicos passaram a custar mais do dobro.
E se os preços se mantiveram estáveis entre 2017 e 2021, não foi por qualquer reivindicação dos edis, mas por decisão unilateral da AP, quem sabe se por causa do trabalho do MUAP; em 2022 lá vieram os aumentos e foram três de uma assentada!
Os preços tornavam-se cada vez mais incomportáveis. Se olharmos para a capital da região, para os nossos vizinhos, pagamos a água consumida a mais do dobro e o aluguer do contador 25 mm custa quase 4 vezes mais – Pagamos 7,87 €/mês, enquanto os viseenses pagam 2,21 € (valores sem IVA).
Mas há um pormenor que merece uma redobrada atenção e preocupação. E desta vez não podem desviar a responsabilidade para o mesmo ou para qualquer outro bode. Isso acabou!
Não queiram embalar-nos com a “canção do bandido”, que foi por causa disto, por causa daquilo ou por causa daqueloutro. Nem culpem o ambiente por isto e o ambiente por aquilo, que são os produtos químicos que vêm da China, da Rússia ou do Bangladesh, muito menos que a culpa é da guerra tarifária.
Poderia ser o lixo, porventura com défice de exploração, que tem elevados custos de recolha, tratamento e reconversão, mas não é. Poderia ser o lixo, que se produz cada vez mais, com matérias perigosas, não degradáveis e com elevados potenciais de contaminação e acidentes, mas não é. Poderia ser o lixo e os prejuízos de milhões, causados pelos incêndios de 2017 no aterro do Vale da Margunda, mas não é. Não falamos dos resíduos sólidos cuja recolha se tem mantido aceitável, apesar da falta de civismo de muita gente que acha que um ecoponto é como fosse a sua casa.
Falamos daquela penúltima linha, escrita em amarelo-torrado, no quadro que publicamos.
Olhemos para o quadro: para um consumo de 15 m3 de água/mês, em 2020, pagava-se 4,55 € e hoje pagamos 16,50 €.
E agora, senhores autarcas, quem vai ser o bode expiatório? E como se vai alimentar?
Vamos lá discutir isso …
(1) AINTAR – Associação de Municípios para o Sistema Intermunicipal de Águas Residuais de Carregal do Sal, Santa Comba Dão, Tábua e Tondela
(CONTINUA)